O delegado Danilo Bahiense foi a segunda – e última – testemunha de acusação da Promotoria ouvido no júri popular dos acusados de mando da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. Na manhã desta terça-feira (25), o policial corroborou com a tese do Ministério Público Estadual de que o crime seria de mando.
Juiz repete acusações, mas deixa brechas em tese sobre crime de mando
No entanto, o depoimento chamou atenção sobre fatos novos no processo, como o depoimento de “detector de mentiras” no interrogatório de suspeitos e uma suposta fita, em que o juiz Antônio Leopoldo Teixeira teria confessado a tese de mando da morte do juiz Alexandre.
Danilo Bahiense teve uma participação relevante no caso – desde as primeiras aparições, momentos após o crime, até o inquérito contra o ex-togado no tribunal de Justiça. Segundo o delegado, ele teria ouvido de Antônio Leopoldo que a morte do juiz foi encomendada pelo coronel reformado da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, o Coronel Ferreira; e do ex-policial civil e hoje empresário Claudio Luiz Batista, o Calu, que estão sentados no banco dos réus.
A motivação para Ferreira tramar o crime do juiz seria vingança. O coronel da PM teria ficado contrariado com a decisão do juiz Alexandre de ter autorizado a transferência do oficial da PM do Quartel de Maruípe para um presídio de segurança máxima no estado do Acre. Ferreira teria ficado especialmente irritado com a decisão do magistrado, que teria autorizado que o coronel fosse algemado na frente das câmeras.
Em seu depoimento, o delegado Bahiense disse que Leopoldo teria ouvido esse fato em Pancas, município em que o juiz nasceu. Não foi a primeira vez que supostos episódios ocorridos na cidade servem para estabelecer uma conexão entre os três acusados de mando. Mas, apesar de tantos detalhes, a confissão “não teria sido assinada por Leopoldo, que segundo o delegado, temia por sua vida.
O delegado afirmou, no entanto, que o depoimento fora gravado e o áudio entregue ao relator do inquérito no Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Pedro Valls Feu Rosa. Nenhuma fita de áudio, porém, consta nos processos que tratam da morte do juiz Alexandre.
O depoimento do delegado é importante porque ele teve participações decisivas no episódio. Bahiense foi o delegado que colheu os primeiros depoimentos logo após o crime. Foi ele quem ouviu, por exmeplo, Júlia Eugênia Fontoura. A personal trainer teria sido coagida pelas autoridades policiais a mudar seu depoimento. Julia, que testemunhou o assassinato de Alexandre, disse a Bahiense que o juiz manifestava o temor de ser morto pelo então governador Paulo Hartung (PMDB)
O julgamento foi interrompido às 12h33 e retorna à tarde com o início do depoimento das testemunhas de defesa. A previsão é que o júri siga até sexta-feira (28), no Cineteatro da Universidade de Vila Velha (UVV).