De acordo com o órgão ministerial, o esquema criminoso seria chefiado pelo dono da RT Empreendimentos, Richelmi Milke, preso na última quinta-feira (31) durante a segunda fase da Varredura. Dois dias antes, os membros do Ministério Público já haviam cumprido mandados de busca e apreensão na sede da empresa em São Gabriel da Palha (região noroeste) e na Prefeitura de São Mateus. Nessa fase mais recente, o alvo foi a Prefeitura de Ponto Belo, que estava em vias de fechar um contrato com empresas do esquema.
O Ministério Público apontou fortes indícios de que o empresário teria participação em outras duas empresas – Aliança Serviços e Qualitar Limpeza –, que também fariam parte do esquema. Preso na última quinta, o secretário de Administração e Finanças de Ponto Belo, Vanilson Alves Vilela, afirmou em depoimento ao MPES que Richelmi seria o mentor da fraude. O empresário seria responsável pela abordagem da prefeitura, oferecendo os serviços e uma espécie de “pacote fechado” para contratações emergenciais (sem licitação).
Em levantamento feito pela reportagem de Século Diário, é possível constatar que a RT Empreendimentos atuou em vários municípios desde o ano passado. O nome da empresa passou a ser conhecido após as inúmeras prorrogações do contrato de lixo de São Mateus, ainda na gestão do ex-prefeito Amadeu Boroto. No entanto, a empresa de Richelmi passou a mirar também municípios de menor porte, como Laranja da Terra, Itaguaçu, Água Doce do Norte, Ibiraçu, Pancas, Governador Lindenberg, São Gabriel da Palha, Vila Valério, Sooretama e João Neiva.
Somente os contratos da RT Empreendimentos com a prefeitura mateense alcançaram a marca de R$ 60 milhões desde 2013 até este ano, quando o acordo foi rescindido pela atual gestão. A repercussão da operação fez alguns prefeitos avaliarem medidas contra a empresa, como a rescisão de contratos ou a revisão de valores.
Neste último ponto, as investigações da Varredura acenderam o sinal de alerta sobre um item fundamental neste tipo de contrato, a falta de aferição na tonelagem do lixo – isto é, a quantidade exata de resíduos sólidos que era coletada e encaminhada para sua destinação final. Segundo o MPES, a forma de apuração era feita com a contagem do número de caminhões que transportavam o lixo, dando margem ao superfaturamento nos contratos.
Está sendo investigada na operação, a suposta prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, formação de quadrilha, fraude a licitação, tráfico de influência, dentre outros. O empresário Richelmi Milke foi encaminhado para o CDP de São Domingos do Norte, enquanto o secretário municipal Vanilson Vilela está preso no CDP de São Mateus. O prazo das prisões preventivas é de até 180 dias, de acordo com a lei.