Na denúncia inicial (0001277-69.2016.8.08.0009), o MPES descreve como as fraudes eram perpetradas pela organização criminosa. O esquema contava com uma empresa de consultoria Plantec, de responsabilidade do vereador, que era responsável por todo planejamento e projeto que possibilitava as fraudes e a liberação dos recursos. Para tanto, o grupo teria o apoio do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Erivon Soares da Silva, para realizar o Cadastro de Agricultor Familiar (CAF) e confeccionar as declarações de aptidão ao Pronaf, sem colheita de dados fidedignos.
Para o Ministério Público, os três eram líderes do grupo e responsáveis por recrutar pessoas “laranjas” para o cometimento das fraudes, geralmente pessoas de baixa renda e moradores de Boa Esperança. Para encobrir as fraudes, Ivomar Miguel Gasperazzo utiliza contas bancárias da esposa Magnólia dos Santos Gasperazzo e da filha Kamyla Santos Gasperazzo, denunciadas pelo crime de lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, a gerente do Banco do Brasil, Rita Marilda Tavares Furtado Soares, facilitava as operações bancárias e a liberação dos financiamentos para a organização criminosa. O MPES aponta que o grupo adquiria propriedades em nome de “laranjas” no Espírito Santo e na Bahia, que eram utilizadas para realização de financiamentos em nome dessas pessoas de baixa renda, que, posteriormente não são pagos em razão da insuficiência econômica. Também houve a constatação de que alguns réus tiveram acréscimo patrimonial exacerbado.
Na ação, o Ministério Público requereu ainda o pagamento de multa para a reparação dos danos causados no valor de R$ 500 mil para cada denunciado. Caso sejam condenados pelos crimes, os réus podem pegar de seis a 21 anos de prisão. No último dia 26, a juíza da Vara Única de Boa Esperança, Silvia Fonseca Silva, deferiu o pedido de prisão preventiva para cinco denunciados – Charles Faria, Charles Ladislau, Erivon, Ivomar e Pierre da Silva.
A Operação Jogo Sujo foi deflagrada no último dia 18 por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Norte), a Polícia Civil e a Polícia Militar, nos municípios de Boa Esperança e Aracruz. Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão nas residências dos envolvidos. Foi apreendida uma quantidade significativa de dinheiro em espécie – cujo montante não foi revelado –, além de uma arma de fogo, de posse de Charles Silva, que foi exonerado do cargo da assessor no gabinete de Euclério logo após a notícia de sua prisão.