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Filho de Bolsonaro alvo de busca e apreensão realizou negócios no Estado

Investigações da PF sobre Jair Renan, suspensas em 2022, serão compartilhadas com informações da Polícia Civil

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Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conhecido como “04”, alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal relacionada a um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, em atuação a partir de laranjas e empresas fantasmas, realizou negócios no Espírito Santo e foi objeto de investigação da Polícia Federal encerrada em agosto de 2022. Na época, a PF afirmou que não havia encontrado crimes na suposta atuação do filho do presidente em favor de empresários, investigação que incluía negócios realizados no Estado.

Nesta quinta-feira (24), a PF decidiu compartilhar com a Polícia Civil do Distrito Federal, que realiza as operações, as informações. Na época, reportagens de veículos de imprensa de circulação nacional, entre eles o jornal O Globo, revelaram que “um integrante da agência admitiu ter recebido a missão de levantar informações sobre o inquérito com o objetivo de “prevenir riscos à imagem” do [então] presidente da República”.

A operação atual cumpriu dois mandados de busca contra Jair Renan, um em Balneário Camboriú (SC), onde ele mora atualmente, e outro em Brasília. A ação ocorre no momento em que Bolsonaro, a mulher, Michele, e vários assessores são investigados por supostos crimes de corrupção, venda ilegal de joias e golpe de estado, com ameaça de prisão.

Na investigação da PF iniciada em 2021, Jair Renan teria recebido um carro elétrico de representantes da empresa Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, em troca de favores junto à gestão do pai. O filho “04” é atualmente auxiliar parlamentar pleno no escritório de apoio do senador Jorge Seif Júnior (PL-SC) em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Ex-ministro da Pesca na gestão de Jair Bolsonaro, o senador é defensor do ex-presidente.

O site “De Olho nos ruralistas – Observatório do Agronegócio” revelou que o grupo capixaba, o mesmo que presenteou o “04” com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil, conforme informações divulgadas pelo jornal O Globo no início do ano passado, atua também no ramo de mineração, com 17 mineradoras.

“Em meio a uma investigação sobre suposto crime de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, conseguiu no fim do ano passado [2021] mais 18 alvarás para pesquisar minérios nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país. Os decretos foram publicados no Diário Oficial da União (DOU) dos dias 29 e 30 de dezembro de 2021 e possuem validades que vão de dois a três anos”.

Nesta quinta-feira, a ação policial prendeu Maciel Alves de Carvalho, acusado de ser o cabeça do esquema e instrutor de tiro de Jair Renan no clube em que é dono na capital federal. A suspeita é de que ele usava o clube de tiros como fachada para a compra e venda ilegal de armas. A polícia investiga a abertura de contas no nome dos envolvidos na operação e ainda apura qual seria o papel do “filho 04” de Bolsonaro no esquema.

Em abril de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto o empresário Wellington Leite, apontado como o que doou o carro elétrico avaliado em R$ 90 mil para um projeto parceiro da empresa de Jair Renan. A visita não apareceu na agenda oficial de Bolsonaro. O carro elétrico foi doado ainda pelo grupo WK, de propriedade de Leite.

Um mês após a doação, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas do conglomerado, se encontraram com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Jair Renan participou da agenda, que foi marcada a pedido de um assessor especial da Presidência.

Jair Renan, apesar de ser o único dos filhos de Bolsonaro que não exerce função política, sempre esteve na mídia. Em 2021, ele e seu preparador físico, Allan Lucena, se tornaram alvos da PF, suspeitos de crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

As suspeitas sobre o 04 englobam a utilização da empresa de eventos dele, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini e Rogério Marinho. Na época, o advogado da família, Frederick Wassef, atualmente investigado no caso da venda das joias do acervo público, negou a acusação de tráfico de influência e disse que o jovem não possui nenhum automóvel, nem foi presenteado.

No entanto, segundo a reportagem de O Globo, desde setembro de 2019 o Grupo Thomazini recebe um benefício fiscal, concedido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), válido até 2028. “Isso significa que, de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago. Um levantamento no DOU mostra também que, só no ano passado, a empresa recebeu pelo menos 15 autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) para prospectar novas áreas”, diz matéria do site “De Olho no Ruralistas”.

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