O juiz da Vara Única de Mucurici (região noroeste), Helthon Neves Farias, autorizou o compartilhamento das provas colhidas durante a investigação da Operação Varredura, que apura fraudes em contratos de coleta e tratamento de lixo em prefeituras capixabas. Será permitido o acesso das informações ao Ministério Público de Contas (MPC) e Federal (MPF). A medida atende à solicitação do Ministério Público Estadual (MPES), que é responsável pela operação que levou um empresário e um secretário municipal para a prisão em agosto.
No despacho assinado no último dia 20, o magistrado considerou que “é fundamental a busca pela verdade real e uma instrução baseada na total transparência”. No pedido, o MPES justificou a necessidade de abertura das provas pela realização de uma auditoria nos contratos pelo MP de Contas sob pena de inviabilizar os futuros trabalhos.
No mês passado, o MP estadual ofereceu denúncia contra sete pessoas investigadas na Operação Varredura. Além do empresário Richelmi Neiltzel Milke, dono da RT Empreendimentos e apontado como “mentor” do esquema, figuram na ação os sócios das empresas Qualitar e Aliança, bem como agentes públicos. As apurações revelaram que Richelmi Milke seria o administrador de fato das outras empresas. A Promotoria pediu a decretação da prisão preventiva de todos os denunciados, mas a Justiça indeferiu o requerimento.
Também figuram na ação penal tombada sob nº 0000742-31.2017.8.08.0034: Tharlies Brunow Cassaro (como sócio da RT), Tassian Douglas Lovo, Guilherme Afonso Trevizani Almeida (sócios da Aliança Serviços), Edson Antônio Almeida, Luiz Otávio Almeida (sócios da Qualitar Limpeza e Soluções Ambientais) e Vanilson Alves Vilela (secretário de Administração e Finanças de Ponto Belo).
Durante as duas fases da Varredura, foram apreendidos documentos, computadores, mídias e outros equipamentos e materiais em municípios das regiões norte e noroeste do Estado. Foram colhidos ainda vários depoimentos para comprovar a tese do MPES da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, formação de quadrilha, fraude à licitação, tráfico de influência, dentre outros. O empresário Richelmi Milke e o secretário Vanilson Vilela chegaram a ser presos, mas já foram liberados.
Em levantamento feito pela reportagem de Século Diário, é possível constatar que a RT Empreendimentos atuou em vários municípios desde o ano passado. O nome da empresa passou a ser conhecido após as inúmeras prorrogações do contrato de lixo de São Mateus, ainda na gestão do ex-prefeito Amadeu Boroto. No entanto, a empresa de Richelmi passou a mirar também municípios de menor porte, como Laranja da Terra, Itaguaçu, Água Doce do Norte, Ibiraçu, Pancas, Governador Lindenberg, São Gabriel da Palha, Vila Valério, Sooretama e João Neiva.