As mídias deveriam passar por perícia judicial, mas até hoje não foram encontradas. Em fevereiro, a Justiça requisitou os áudios à polícia que informou não ter conseguido recuperar as mídias por conta de problemas técnicos. Em ofício, o coordenador de Inteligência da PF afirmou que a empresa catarinense – responsável pelo Guardião no Espírito Santo – não tem mais contrato com o órgão e que se negou a prestar o auxílio necessário para recuperação dos dados.
“Assim, tendo em vista a supremacia do interesse público e a necessidade de restauração do material que deverá ser submetido à prova pericial, determino que a empresa remeta a este Juízo mídia contendo todos os áudios no prazo de dez dias, sob pena de incorrer em multa diária no valor de R$ 5 mil”, ordenou o juiz.
O processo (0020191-83.2009.8.08.0024) faz parte de um conjunto de ações contra familiares do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), desembargador aposentado Frederico Guilherme Pimentel, um dos presos durante a Naufrágio. Neste caso, o Ministério Público acusa Pimentel e mais nove pessoas de loteamento de cartórios. Segundo as investigações, o grupo teria se articulado para criar e distribuir as unidades para pessoas ligadas à família do ex-desembargador.
De acordo com a ação, com fundamento nas investigações da Polícia Federal, a família do desembargador aposentado pretendia dividir os recursos desviados com a criação do Cartório do 1º Ofício da 2ª Zona, em Cariacica. As apurações teriam revelado também divergências para escolha do “laranja” que assumiria o cartório. Na época da denúncia, o órgão ministerial chegou a pediu o afastamento de Pimentel e a suspensão dos efeitos da designação de outro tabelião em cartório que havia sido recém-criado em Cachoeiro de Itapemirim (região sul).
Além do ex-presidente do TJES, foram denunciados os quatro filhos do magistrado: o ex-juiz Frederico Luis Schaider Pimentel, o Fredinho (que foi demitido do cargo) e as serventuárias Dione Schaider Pimentel Arruda, Roberta Schaider Pimentel e Larissa Schaider Pimentel. Também figuram no processo a juíza aposentada Larissa Pignaton Sarcinelli Pimentel, mulher de Fredinho, o ex-tabelião do cartório sob suspeita, Felipe Sardemberg Machado, o ex-assessor jurídico da presidência do Tribunal, Leandro Sá Fortes (genro de Pimentel), o oficial de cartório Clodoveu Nunes Vanzo e o advogado Henrique Rocha Martins, marido de Dione.