Passados mais de 14 anos desde o fechamento da fábrica da Braspérola, o destino do terreno da empresa têxtil em Cariacica segue indefinido. Nesta sexta-feira (12), a Justiça realizou mais um leilão da área de 462.848,68 metros quadrados às margens da BR-262. Foram apresentadas duas propostas, porém, nenhum dos grupos que formalizou intenção de adquirir o complexo chegou ao valor mínimo exigido no pregão: R$ 48,3 milhões. Com isso, o resultado do leilão deverá ser submetido ao juiz que conduz o processo de falência da empresa.
De acordo com informações do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), as propostas foram registradas pelo leiloeiro Antônio Paiva e em um prazo de 72 horas úteis serão apresentadas ao juiz da Vara de Recuperação Empresarial e Falência de Vitória, Braz Aristóteles dos Reis, que é o responsável por homologar ou não o resultado do leilão. Se as propostas não forem homologadas, um novo leilão deve ser marcado.
Durante o leilão realizado em um hotel da Capital, um grupo capixaba – que preferiu não se identificar – sinalizou uma proposta de R$ 24 milhões a ser pago por toda a área. Os empresários condicionaram o pagamento a uma entrada de 30% do valor e o restante a ser quitado em 48 vezes. Também foi oficializado nesta proposta que o grupo empresarial arcaria com os débitos de mais de R$ 5 milhões em IPTU e recuperaria o passivo ambiental do complexo (80 toneladas de lixo tóxico e cerca de quatro mil metros cúbicos de líquido também tóxico), avaliado em R$ 3,16 milhões.
Já o grupo de Minas Gerais, Daniel Pinheiro Consultoria, ofereceu uma proposta de R$ 22,5 milhões apenas pela área 2 do terreno da Braspérola, de aproximadamente 181 mil m². No local está localizada a estrutura física da fábrica (prédios, galpões e piscinas), além de ser a parte do complexo que faz divisa com o rio Formate. A intenção dos mineiros é quitar o negócio com uma entrada de 30% do valor total e o restante a ser pago em 36 vezes. A empresa também arcaria com o débito de IPTU e se propôs a dividir os custos do passivo ambiental. No local, o grupo pretende voltar à área para o segmento imobiliário.
Com o objetivo de tornar a negociação mais atrativa, o leiloeiro Antônio Paiva, com o aval da administração da massa falida da empresa, informou que os débitos com IPTU e passivo ambiental seriam quitados pelo vendedor, fato que deixou o negócio cerca de R$ 8 milhões mais barato, uma vez que para levar o terreno bastaria chegar ao valor mínimo exigido, R$ 48,3 milhões, que poderia ser pago com um sinal de 30% e o restante em parcelamento de seis vezes. Contudo, nenhum dos interessados alcançou este montante.
Segundo o administrador da massa falida da Braspérola, Rogério Keijók Spitz, o terreno da empresa em Cariacica gera uma despesa média de R$ 40 mil mensais, uma vez que o grupo é responsável por manter a segurança do local, entre outros aspectos. Contudo, o fato mais importante no leilão, de acordo com o advogado, é quitar os credores que aguardam desde 2001, ano que a Braspérola faliu. “Após o leilão ser finalizado, o valor será depositado em juízo e os credores vão receber por ordem de preferência judicial. Os débitos trabalhistas serão quitados primeiro”, explicou.