A melhor campanha eleitoral, com uma estratégia bem elaborada, slogan eficiente e objetivos claros, nem sempre deságua na vitória do candidato, mas pode indicar sua capacidade de investimento e dar uma ideia do vale-tudo que suas finanças são capazes de produzir contra adversários. Dos sete candidatos à presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea/ES), o único com campanha profissionalizada no Facebook (o que sugere a contratação de uma empresa especializada), é o engenheiro agrônomo Geraldo Ferreguetti. Os demais têm campanhas amadoras.
Radegaz Nasser, por exemplo, publica banners extremamente convencionais e é difícil achar na sua página as propostas que defende como candidato. Lúcia Vilarinho, com uma campanha mais consistente baseada em depoimentos sobre ela, tem suas peças publicitárias diluídas entre os banners de candidatos que apoia aos cargos no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e na Mútua-Caixa de Assistência aos Profissionais do Crea.Já Fred Rosalém publica banners confusos, ao lado de seu candidato no Confea, exceto algumas postagens detalhadas sobre suas reuniões com partidários.
Sebastião Silveira resume sua campanha a um único banner, com seu número e um plácido sorriso, e alguns vídeos, enquanto Jorge Luiz e Silva mantém página oficial com muitos banners, mas de pouca eficiência – quantidade excessiva de informação numa única peça publicitária, quando poderia fazer banners específicos e facilmente legíveis para cada proposta (equívoco, aliás, cometido por outros candidatos).
Ferregueti é o candidato do presidente do Crea, Hélder Carnielli, e disputa e disputa a eleição sub judice, após denúncias feitas por adversários de irregularidades e uso da máquina administrativa do Conselho em favor de sua campanha.
Enquanto o mérito da liminar não é julgado, segue com sua estratégia eleitoral, numa corda bamba: caso saia vitorioso do pleito, ainda assim, corre o risco de ser substituído pelo segundo colocado na votação, se a Justiça confirmar a cassação de sua candidatura pelo Conselho Eleitoral Federal.
No limitado universo de votantes, como os da eleição do Crea (de 45 mil associados, a previsão é que apenas 10% compareçam às urnas), a internet não é fator decisivo, embora tenha indiscutível força de convencimento do eleitorado.
Neste caso, o pleito passa, principalmente, pelo contato pessoal e mobilização específica das categorias profissionais que integram o conjunto de associados da entidade. Do Crea fazem parte não só engenheiros e agrônomos como geólogos, geógrafos, meteorologistas, tecnólogos e também aqueles que representam 52% dos eleitorado: técnicos de nível médio (agrícolas e industriais).
Os candidatos circulam pelo interior do Estado em busca de eleitores, mas outros fatores também devem ser levados em consideração: o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e potenciais puxadores de votos, como os ex-presidentes Sílvio Ramos e Paulo Buback, que apoiam, publicamente, Lúcia Vilarinho.