Terezinha Locateli faz parte do segundo grupo de capixabas que agora responderão por invasão e depredação a órgãos públicos
Terezinha Locateli, Tiago Mendes Romualdo e Wilson Nunes de Aguiar são os três capixabas que passam à condição de réus no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga os atos terroristas de 8 de janeiro, com a invasão e depredação de prédios dos três Poderes. Eles fazem parte do segundo grupo, com 200 envolvidos, que se encontram presos em Brasília.
O julgamento terminou nessa terça-feira (2), no plenário virtual do STF, que, nesta quarta (3), passa a analisar mais 250 casos. Na ação penal, passível de recurso, haverá nova coleta de provas, tomada de depoimentos de testemunhas, além de interrogatórios dos réus. Não há prazo para a conclusão dos julgamentos.
Continua presa em Brasília Maria Elena Lourenço Passos, de 44 anos, membro do grupo Soberanos da Pátria e suplente do PL na Assembleia Legislativa.
A presidente do STF, Rosa Weber, afirmou que é “importante não desconhecer nem minimizar o incalculável poder antissocial e desagregador emergente de multidões inflamadas pelo ódio e pela cólera”.
“Tais agregações humanas, quando imbuídas de propósitos tirânicos, podem conduzir, como nos revelam as lições da História, ao aniquilamento do Estado de Direito, degradado, em tais episódios, à indigna condição de pavimentado do ambiente institucional que deu passagem a regimes autocráticos e ditatoriais”, destacou.
Terezinha Locateli, 55 anos, frequentou o acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército, em Vila Velha. Ela é comerciante em Ponta da Fruta, dona de uma peixaria, e esteve também no acampamento montado em Brasília, em frente ao quartel-general do Exército. Tiago Mendes Romualdo, 36 anos, reside no Estado, mas tem atividade profissional em Rondônia, e Wilson Nunes tem divulgado somente a idade, 51 anos.
Sete ministros acompanharam o voto de Alexandre de Moraes, relator dos processos, acolhendo a denúncia: Dias Toffoli, Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e a presidente do STF, Rosa Weber. Os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados pelo ex-presidente Jair Bolosonaro (PL), divergiram em parte do relator.
André Mendonça votou para rejeitar denúncias contra 100 pessoas que estavam no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército no dia 9 de janeiro, um dia após os atos antidemocráticos. Ele declarou no voto que “não há indícios mínimos e suficientes da prática dos delitos narrados nas iniciais acusatórias”.
Mendonça também votou para tornar réus outros 100 denunciados, que foram detidos na praça dos Três Poderes, no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. O ministro Nunes Marques acompanhou o voto de Mendonça.