sexta-feira, novembro 15, 2024
29.9 C
Vitória
sexta-feira, novembro 15, 2024
sexta-feira, novembro 15, 2024

Leia Também:

Mesmo grupo domina Sindicato dos Ferroviários há 22 anos

O grupo que está à frente do Sindicato dos Ferroviários (Sindfer) está há 22 anos no poder. Liderado por João Batista Cavaglieri e ainda com a deputada estadual Janete de Sá (PMN) na diretoria, ferroviários da oposição buscam a renovação política da entidade. Processo corre na Justiça.  
 
O ferroviário Adir Barbosa da Cruz, que lidera atualmente um movimento de oposição, conta que o Sindicato foi fundado em 23 de novembro de 1932, tendo passado várias décadas ligado à então estatal Vale do Rio Doce. No final da década de 1980, um grupo de ferroviários iniciou um processo de oposição e desligamento da mineradora, que chegava a pagar as contas de telefone da entidade.

“Nessa época, teve protagonismo o sindicalista Renato Menezes, que venceu as eleições em 1987, permanecendo por três mandatos de três anos, até 1996. Era um grupo formado basicamente por integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT), numa chapa que ficou conhecida como Aracá”, explicou. 

 
Quase uma década depois, continua Adir, surgiu um novo grupo de oposição, Raízes do Araçá, liderado pela atual deputada estadual Janete de Sá, que, integrando a diretoria anterior, realizou um rompimento, se aliando a novos atores, um deles João Batista Cavaglieri. 
 
Eleita em 1996, Janete permaneceu como presidente do Sindfer até 2002, sendo a primeira mulher eleita e reeleita. Foram dois mandatos de três anos. A deputada fez ainda seu sucessor, João Batista Cavaglieri, seu ex-companheiro, que está na presidência do Sindicato até hoje, em sucessivos mandatos. Janete também se mantém como diretora da entidade, além de ser membro efetivo do Conselho do Plano de Aposentadoria dos Aposentados da Vale (Pasa).
 
Depois de dois mandatos de três anos (2002 a 2008), João Batista Cavaglieri teria visto, porém, sua hegemonia ameaçada na eleição de 2008. Nessa data, o grupo Cebolão, da oposição, obteve 35% dos votos, o que, segundo ele, deixou a diretoria que estava no poder preocupada. 
 
Logo após as eleições, foram realizadas, então, mudanças estatutárias apontadas como duvidosas por Adir e sem a participação da categoria, que aumentaram o mandato de três para quatro anos. As alterações também diminuíram o prazo para inscrições de chapas de 15 dias para cinco dias. Além disso, o tempo para os ferroviários disputarem eleição passou de seis meses como associados ao sindicato, conforme prevê a própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para 18 meses. 

Apesar de representar uma categoria exposta aos elevados índices de poluição da Vale, que prejudicam toda população da Grande Vitória, o Sindicato não tem qualquer histórico de atuação na área, pelo contrário. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, em 2015, Cavaglieri negou registro de problemas de saúde causados pelo problema aos funcionários. Ele pertencia, na ocasião, ao Conselho de Administração da empresa. 

 
Processo judicial
 
Nas últimas eleições, em 2016, a chapa 2–Cebolão sequer conseguiu entrar na disputa. Venceu a 1-Raízes, única e da situação, reconzindo Cavaglieri. Os ferroviários da oposição, então, decidiram entrar com um processo judicial, que investiga uma série de irregularidades na última votação. O processo, cuja próxima audiência está marcada para o dia 21 de setembro, pode cancelar o resultado e iniciar um novo sufrágio.
 
O ferroviário Adir Barbosa aponta que o processo eleitoral foi totalmente viciado, pois os membros da Comissão Eleitoral foram indicados pela atual diretoria. “Impediram o registro da chapa de oposição através de impugnações indevidas, coação e intimidação. Ocorreram impugnações de colegas que tinham sido reintegrados e que têm reconhecidamente os seus direitos sindicais. Além disso, vários colegas foram procurados pela diretoria do Sindicato e por outros integrantes da Chapa Raízes para que desistissem de sua inscrição, com textos iguais e reconhecimento de firma no mesmo dia e cartório”.
 
O ferroviário afirma que a ação judicial foi impetrada para garantir que sejam realizadas eleições limpas e democráticas e que para que os ferroviários possam fazer suas escolhas. Para isso, é necessário e fundamental que sejam permitidas as inscrições de chapas opositórias. “A pergunta que fica é por que o grupo do sindicato tem medo da inscrição de chapas de  oposição?”. 

Mais Lidas