sábado, novembro 23, 2024
22.1 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

Militante do Movimento Negro de Colatina sofre racismo nas redes sociais

Carol Inácio foi inserida em um grupo de WhatsApp no qual foi chamada de “negra porca”

A militante do Movimento de Mulheres Negras de Colatina (noroeste do Estado), Carol Inácio, registrou Boletim de Ocorrência (BO) nessa segunda-feira (9), após ter sofrido pela segunda vez ataques racistas nas redes sociais. Carol, que também é afroencer, termo que, como explica, é uma mistura de afro com influencer, tem um perfil no Instagram, o @afrocarol. Nele, aborda temas como feminismo negro e empoderamento feminino, o que acredita ter motivado as agressões.

O ato de racismo ocorreu nesse domingo (8), quando Carol foi inserida em um grupo de WhatsApp chamado Realities Red Pill Opressor, com cerca de 130 pessoas. No grupo, consta a seguinte descrição: “Somos homens, brancos, hetero normais, devido a isso te oprimimos, né? Portanto, assuma seu lugar de inferioridade total”. Abaixo da descrição, constam frases como “gayzismo é doença” e “feminismo é lixo”. Nas mensagens enviadas para o grupo, Carol afirma ter sido chamada de “negra porca”, além de os participantes escreverem que “negro fede”.

Carol afirma ter ficado muito abalada com o ocorrido e que não dormiu de domingo para segunda, mas que agora está tranquila, pois tem recebido apoio dos movimentos sociais, advogados e do mandato da vereadora de Vitória, Camila Valadão (Psol), que é sua colega de partido. “Queria que as pessoas tivessem mais respeito pela gente que é preta, que tem cabelo crespo, que tem uma orientação sexual diferente”, desabafa.
O trabalho que faz na internet, destaca, é “árduo, de muita luta”, mas deve continuar. “Porém, dizer que está sendo fácil, não está”, lamenta.

Esta não foi a primeira agressão sofrida por Carol. Ela recorda que em 22 de julho, após postar um vídeo de sua mãe e sua tia se vacinando contra a Covid-19 e gritando “Viva o SUS!” e “Fora, Bolsonaro!”, ela foi inserida em um grupo de WhatsApp chamado “Abaixo o Negrismo”, com cerca de 30 pessoas, no qual a postagem dela foi publicada.

Carol relata que saiu do grupo e depois recebeu uma mensagem de uma pessoa que estava nele, perguntando “e aê?”, mas a bloqueou. Posteriormente, outra pessoa que estava no grupo enviou prints das mensagens enviadas para a militante Movimento de Mulheres Negras de Colatina, após Carol ter bloqueado. De acordo com a afroencer, nos prints sua tia e sua mãe eram chamadas de “imundas” e “dois lixos”. Além disso, foi dito que ela “paga de militante e saiu do grupo porque não quer debate”.
Racismo em campanha
As redes sociais também foram utilizadas para ataques racistas em 2020, quando o então pré-candidato a vereador de Vitória, Jocelino Júnior (PT), registrou BO na Delegacia de Crimes Cibernéticos em quatro de setembro, por crimes informáticos e injúria racial. Um dia antes, hackers invadiram o lançamento virtual de sua pré-campanha, que acontecia pelo Google Meet, chamaram Jocelino de macaco, ameaçaram roubar dados bancários das pessoas que participavam, e colocaram uma música muito alta e imagens aleatórias na tela, conforme comunicado oficial de sua pré-candidatura na época.

Mais Lidas