A deputada Janete de Sá apontou os prejuízos que serão gerados com a extinção das comarcas no interior
A extinção de 27 comarcas pretendida pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) volta a ser abordada, menos de um mês de um novo julgamento pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que suspendeu o andamento desse processo, a partir de uma liminar concedida à seccional estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES). Na próxima segunda-feira (19), a entidade promoverá um ato online em defesa da manutenção das comarcas, que desde 2019 mobiliza, também, deputados estaduais, prefeitos e sindicatos dos serventuários da Justiça.
Nesta quarta-feira (14), a deputada Janete de Sá (PMN) afirmou, na sessão ordinária da Assembleia Legislativa, que vem sendo acionada por moradores do interior que se sentem prejudicados com a extinção das comarcas. O Tribunal queria extinguir 44 comarcas, reduzindo esse número para 27, por conta de pressões de vários setores. “Lamentavelmente, já possui autorização para fechar as de Alto Rio Novo, Apiacá, Atílio Vivacqua, Dores do Rio Preto, Ibitirama, Itarana, Laranja da Terra e São Domingos do Norte”, comentou a deputada, enfatizando que defende a manutenção das comarcas.
Segundo Janete, “o Tribunal e Justiça precisa enfrentar essa situação e construir condições para que essas comarcas funcionem, porque o que a população paga ao Poder Judiciário para ter o serviço é muito grande, são valores dispendiosos para manter a Justiça no Estado. Não ter essa Justiça na sua comarca é um prejuízo enorme para essas pessoas, que vão continuar pagando por esse serviço”.
A parlamentar apontou prejuízos com a redistribuição do acervo de uma comarca para outra, enfatizando que, além de dificultar o acesso das pessoas à Justiça, a ausência de um juiz e de outras autoridades constituídas gera insegurança à população. “Há um distanciamento da Justiça para com as pessoas daquele município, que certamente não terão, às vezes, a disponibilidade de estarem se deslocando para outra cidade buscando Justiça, que deveria ser concedida segundo os preceitos constitucionais”, disse Janete.
Os questionamentos sobre a extinção das comarcas vêm desde 2019, quando foram iniciadas ações visando a suspensão imediata das resoluções do TJES. Em junho de 2020, a OAB-ES apresentou manifestação nesse sentido ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que acatou a solicitação e suspendeu a resolução, confirmando a liminar, por unanimidade, no dia 4 de agosto. Está autorizada, atualmente, a extinção de oito comarcas.
“Essa decisão de extinguir 27 comarcas aconteceu em plena pandemia da Covid-19, sem que se aguardasse a volta à normalidade para que o assunto fosse discutido com ampla publicidade e com a maturidade que o caso requer. A mudança, além de ser autoritária, antidemocrática, e profundamente radical, impactará frontalmente o jurisdicionado, sendo que a perda transcende aos jurisdicionados e advogados, atingindo a própria economia das municipalidades”, ressalta o presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho.
O advogado afirma ainda que a economia com a extinção das 27 comarcas não justifica a medida, já que o gasto com pessoal será agregado em outras unidades. “Alegar uma economia de 12 milhões de reais/ano em um orçamento anual de mais de 1,3 bilhão de reais/ano tangencia o completo absurdo, eis que não é causa que justifique a extinção de 27 comarcas”, justifica.
Atendendo a uma solicitação dos prefeitos, a OAB-ES já realizou uma audiência pública na seccional, em Vitória. O objetivo foi escutar os anseios e a preocupação dos 23 prefeitos presentes, que pleitearam a manutenção do modelo atual.
José Carlos Rizk Filho, o secretário-geral da Ordem, Marcus Felipe Botelho Pereira, e dirigentes de Subseções já manifestaram ao Tribunal de Justiça do Estado (TJES) a preocupação da entidade com o projeto do Judiciário de integração de Comarcas no Espírito Santo, que estava em fase de conclusão. Eles se reuniram com o presidente do TJES, Ronaldo Gonçalves de Sousa, e reafirmaram o posicionamento contrário à medida.
Presidentes das Subseções da OAB-ES se articularam em oposição à decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), reduzindo de 69 para 44 o número de Comarcas. Assim, 27 municípios deixariam de ter fóruns, afetando a advocacia local e a população, dificultando o acesso ao atendimento à justiça.
No ano passado, a integração de Comarcas gerou diversas manifestações por todo o interior do Espírito Santo.