A operação policial que culminou com o afastamento do prefeito de Itapemirim, Doutor Luciano (PSB), repercutiu durante a sessão desta terça-feira (31) na Assembleia Legislativa. O deputado Marcelo Santos (PMDB), que já havia cobrando a apuração de denúncias de corrupção no município, avaliou que a gestão do socialista acabou “trocando os pés pelas mãos”. Já o presidente da Casa, deputado Theodorico Ferraço (DEM), preferiu não se manifestar.
Durante a leitura do expediente, o peemedebista atacou a administração de Doutor Luciano. “É um péssimo exemplo para os políticos e ainda mais para a sociedade, cujo resultado prático da gestão é zero”, cravou Marcelo Santos, que comanda uma comissão especial voltada às atividades de petróleo.
Segundo ele, os recursos dos royalties foram utilizados pelo município para custear apenas shows musicais, cujos contratos estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual (MPES). “Passados os shows, a população não vê benefício algum. O cidadão quer ruas pavimentadas, unidades de saúde construídas, escolas decentes. Faltam investimentos em infraestrutura. Não existe qualificação de mão de obra para os projetos que vão se instalar na região”, criticou.
Sobre as suspeitas de corrupção, Marcelo Santos tentou se desvincular de qualquer insinuação de perseguição política ao socialista. “Nós apenas cobramos a apuração de denúncias que cidadãos apresentaram ao MPES”, afirmou. O parlamentar criticou ainda a política de assistencialismo no município: “Gostaria que os recursos pudessem chegar a outra ponta, ser dividido com todos para a população para se sentir contemplada”.
Apesar de presidir a sessão, o deputado Theodorico Ferraço preferiu não fazer uma emenda às críticas, diferentemente do que ocorreu no último pronunciamento de Marcelo Santos. Naquela ocasião, o demista atacou duramente o prefeito de Itapemirim, cobrando a apuração das denúncias e prometendo a veiculação na Casa de gravações que comprovariam os supostos atos de corrupção.
O desgaste do Doutor Luciano favorece a mulher de Ferraço, Norma Ayub (DEM). Após Norma sair derrotada das últimas eleições à Câmara, o presidente da Assembleia pediu ajuda ao governador Paulo Hartung para encaixá-la na vaga de um dos deputados federais eleitos, mas para isso o governador teria que puxar um dos parlamentares para o governo. Hartung acabou desistindo da missão. O plano B, que seria acomodar Norma em algumas das secretarias de governo, também foi abortado por Hartung.
Agora, com o campo livre em Itapemirim, Norma volta a ter chances de se eleger prefeita do município em 2016