As homenagens marcarão os 31 anos do assassinato do sacerdote, crime que ficou impune
“No meio da gente sofrida sua voz ainda ecoa forte”, diz a música interpretada pela cantora Raquel Passos, em homenagem a Padre Gabriel Félix Roger Maire. “Quem conviveu com ele não consegue perder a chama da denúncia e do anúncio, não consegue deixar de estar na luta, seja na Igreja, no sindicato, no trabalho”, ressalta a integrante da Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória, Marina de Oliveira, ratificando a letra da música. Assassinado em 23 de dezembro de 1989, o sacerdote será rememorado em duas homenagens virtuais realizadas por grupos que ainda fazem a voz de Gabriel ecoar. Uma será nesta sexta-feira (18), às 20h. A outra na próxima quarta-feira (23), às 19h30.
A homenagem do dia 18 será realizada pela Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória, Associação Padre Gabriel Maire em Defesa da Vida, de Cariacica; e Ecos de Gaby, grupo que tem se articulado para preservação da memória do sacerdote francês. A iniciativa tem apoio da Pastoral Operária Nacional, em cuja página no Facebook (@pastoraloperarianacional) será feita a transmissão da atividade. Segundo Marina, a live contará com música, depoimentos sobre padre Gabriel e momentos de espiritualidade.
Além da atividade conjunta com a Pastoral Operária, o Ecos de Gaby realizará a live do dia 23, chamada “Celebração dos Mártires da Caminhada – Cantando a Profecia e Reacendendo a Esperança”, por meio do Facebook do grupo (@gabriel.maire.7) e do YouTube da Pastoral da Juventude Leste 2.
A releitura será intercalada por poesias e canções. O momento, afirma Rogério, contará também com místicas e interatividade com os internautas, que serão convidados a colocar nos comentários “palavras de esperança para o nosso tempo”.
As homenagens a Padre Gabriel são feitas desde o seu assassinato, cujo crime ficou impune e prescreveu em 2017. Entre as homenagens estão dois livros lançados pelo grupo Ecos de Gaby como forma de preservar a memória do sacerdote. Um é o Prefiro Morrer pela Vida a Viver pela Morte, com relatos de pessoas que conviveram com padre Gabriel; e o outro, Ecos de Vitória, com cartas escritas pelo sacerdote para amigos, familiares, entidades e outros grupos da França, seu país de origem, nas quais relata sua experiência no Brasil.
Padre Gabriel chegou ao Espírito Santo em 1980, tendo atuado como sacerdote no município de Cariacica. Sua atuação foi marcada pelo que a Igreja Católica chama de opção preferencial pelos pobres. Estimulou o engajamento dos fiéis no movimento popular, no movimento sindical, na comunicação popular e outras formas de mobilização. Entre os grupos os quais impulsionou estão os de mulheres, jovens e trabalhadores em geral. Também foi marcante em sua atuação a luta pelo direito à moradia.