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Pastor inocentado pela Justiça do RJ denuncia Magno Malta

Ex-senador teria afirmado em plenário a existência de provas contra Felipe Heiderich por abuso sexual ao então enteado

O ex-senador Magno Malta (PL) foi denunciado nesta terça-feira (13) pelo pastor Felipe Heiderich, absolvido no último dia 29 de setembro, em segunda instância, da acusação de abuso sexual contra o enteado em 2016, quando a criança tinha cinco anos. O menino é filho de Bianca Toledo, pastora e ex-mulher de Heiderich, que agora anuncia mover processo contra ela e outras pessoas envolvidas no caso. Em longa entrevista ao portal de notícias Diário do Centro do Mundo (DCM), o pastor revelou detalhes do que diz ser “um drama que viveu por mais de três anos”.

Heiderich afirma que foi “sequestrado, mantido em cárcere privado em uma clínica psiquiátrica no Rio de Janeiro, numa trama com a participação de gente influente”. Ele aponta o então senador Magno Malta (PL), à época presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, como “um dos influenciadores da chacina que sofreu”.

“Ele disse no Plenário do Senado: Eu vi todas as provas”, declarou o pastor Felipe, ressaltando que Magno Malta não tinha visto nenhuma prova, “porque não existem”, mas era amigo pessoal de sua então esposa, cujo círculo de amizades incluía, também, a pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido, pastor Anderson do Carmo, e a atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Silva.

Na entrevista, o pastor relembrou que Magno Malta adotou o mesmo procedimento no Espírito Santo, revelado em matéria exclusiva divulgada por Século Diário em 2018. Segundo a reportagem, “com o objetivo de ganhar os holofotes da mídia na véspera de disputar a reeleição para o Senado, o ex- senador foi acusado de usar uma menina de dois anos e seus pais. O pai respondeu por estupro à criança e a mãe por ter sido conivente com o fato”.

O cobrador de ônibus Luiz Alves de Lima, à época com 35 anos, foi acusado de ter violentado a própria filha. O acusado passou nove meses preso, até ser declarado inocente pela Justiça. O então senador colocou o caso na mídia do Estado e do país, ganhando espaço até na imprensa internacional, legitimando a CPI da Pedofilia, rebatizada de CPI dos Maus-Tratos, da qual ele era o presidente.

‘Morrer em vida’

O pastor Felipe Heiderich declarou que seu drama começou no dia 12 de outubro de 2016. Segundo ele, sua esposa, a pastora Bianca Toledo, mãe de uma criança de cinco anos, lhe disse: “A criança foi estuprada e o monstro é você”. A partir daquele momento, prosseguiu, “rompeu-se toda a fantasia em que o casal vivia, com amplo prestígio no meio evangélico. Foi sequestrado, com a participação de outras pessoas, levado para uma clínica psiquiátrica, onde foi dopado e torturado durante oito dias”.

Ele afirma que o colocaram “no fundo da clínica, que parecia um SPA, me injetaram drogas e uma mulher repetia continuamente ‘você não é Felipe, você é outra pessoa’, lembra o pastor. “É como morrer em vida”, aponta. Dali ele diz que foi levado para a Penitenciária de Gericinó e, ao mesmo tempo, o caso repercutia na mídia, destacando-se pelos pronunciamentos do senador Magno Malta.

Emocionado e mais magro de como aparece nas fotos na época em que era casado com Bianca Toledo, dirigindo uma congregação religiosa na Barra da Tijuca, região da elite financeira e empresarial do Rio de Janeiro, Felipe afirma que perdeu tudo: “Roupas, pertences pessoais, dinheiro, não tinha cesso a cartões, nada”, comenta. “Fui denunciado por estupro, disseram que eu era homossexual, satanista e pedófilo. Tudo em nome de Deus, por gente que busca a autoridade Deus para achincalhar pessoas”. 

Inocentado

O pastor afirma mover um processo na Justiça contra a ex-mulher, acusando-a por calúnia, difamação, injúria, denunciação caluniosa, sequestro e cárcere privado. Ele acredita “ter sido vítima de uma trama para incriminá-lo”.

Heiderich foi preso há quatro anos e chegou a ser detido durante oito dias no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, mas foi solto em seguida para aguardar em liberdade. Em setembro passado, ele conseguiu mais uma decisão da Justiça e também concedeu entrevista em vídeo, ao site Uol

A decisão a favor de Heiderich foi unânime e os recursos da acusação foram negados pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. O Ministério Público do Rio também foi a favor da absolvição. A alegação foi ausência de provas.

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