Operação busca bens e informações que levem aos investimentos financeiros ocultados pelos criminosos
Dois suspeitos de serem “testas de ferro” dos autores do golpe milionário da pirâmide financeira da Telexfree foram alvo de mandados judiciais de busca e apreensão, cumpridos nesta quinta-feira (6) por oito policiais federais nas cidades de Serra e Vila Velha. Eles se colocavam à frente dos negócios para manterem ocultos os reais proprietários dos bens adquiridos com o esquema criminoso, descoberto há cinco anos.
A Telexfree, nome fantasia utilizado pela empresa brasileira Ympactus Comercial S/A, cuja sede é em Vitória, no Espírito Santo, é acusada de operar uma das maiores fraudes financeiras da história do Brasil, segundo o Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal (MPF).
Em 2019, a Justiça decretou a falência da empresa, por ato da juíza Trícia Navarro, da 1ª Vara Cível de Vitória. No mesmo ano, condenou o sócio-administrador da Telexfree no Brasil, Carlos Roberto Costa, por omitir e prestar informações falsas na declaração de Imposto de Renda de pessoa física, resultando em uma sonegação de R$ 3.9 milhões. A defesa recorreu da decisão.
O pedido de decretação de falência foi ajuizado por um dos credores, que acionou a Justiça para receber o valor de mais de R$ 50 mil. De acordo com a decisão, a empresa confirmou o valor devido, disse ser incapaz de pagar a dívida e não se opôs ao pedido.
Acatando solicitação da PF, feita com base nas evidências apontadas pela investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de imóveis ocultados em nome dos “testas de ferro”, além do montante de cerca de R$ 2 milhões de suas contas bancárias. Os investigados, que não tiveram os nomes divulgados, responderão pelo crime de lavagem de dinheiro e, se condenados, poderão pegar até dez anos de cadeia.
A Polícia Federal avança nas investigações relativas às fraudes envolvendo os integrantes da quadrilha e busca bens e informações que levem aos investimentos financeiros ocultados pelos criminosos. Em um dos locais revistados, um homem foi preso por posse ilegal de arma de fogo, e deve ser liberado após pagamento de fiança.
Ressarcimento
Algumas das vítimas do suposto esquema de pirâmide financeira organizado pela Telexfree começaram a ser ressarcidas do prejuízo financeiro causado pela companhia. A empresa, acusada de estimular investimentos por meio de um sistema de marketing multinível, chegou a reunir dois milhões de credores no Brasil. No entanto, após o Ministério Público Federal, em conjunto com o Ministério da Fazenda, avaliar a insustentabilidade financeira do negócio a longo prazo, a Telexfree passou a ser investigada e teve suas atividades encerradas.
Durante anos, credores que investiram altas quantias realizaram a venda de imóveis e até mesmo adquiriram financiamentos com o objetivo de se tornarem divulgadores da Telexfree.
Desde 2022, as vítimas que entraram com ações jurídicas contra a empresa começaram a ser incluídas na lista de pessoas que deverão ser ressarcidas. De acordo com o último balanço, mais de R$ 1 bilhão foi bloqueado com o objetivo de realizar este pagamento.