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TCE não vê problemas em ???caixa preta??? dos incentivos fiscais no Estado

Na calada da noite da última terça-feira (20), o plenário do Tribunal de Contas do Estado (TCE) lançou por terra uma das últimas tentativas de dar transparência aos incentivos fiscais concedidos pelo governo capixaba. Na sessão derradeira do ano, os conselheiros julgaram improcedente uma denúncia feita pelo Fórum das Carreiras Típicas do Estado (Focates), que pedia a abertura da “caixa preta” dos benefícios. Alegando a existência de sigilo fiscal, o órgão negou acesso aos valores do patrimônio e a renúncia fiscal por cada empresa incentivada.

Em seu voto, o conselheiro-relator Rodrigo Chamoun avaliou que o Estado é obrigado somente a divulgar o total que deixa de arrecadar por conta dos benefícios, sem especificar os valores por empresa ou sequer pelo setor industrial contemplado. “Entendo que deve ser mitigada a LAI […] Qualquer informação dessa natureza, mesmo que isoladamente em um menor grau, acaba por expor uma realidade financeira que pode impactar na política fiscal desenvolvida pelo Estado”, afirmou.

Esse entendimento segue o parecer da área técnica do TCE, que encampou a controversa tese de sigilo sobre as informações. O mesmo argumento foi utilizado pelos deputados estaduais na aprovação do projeto que retirou o artigo 145 da Constituição Estadual, que obrigava a divulgação das informações sobre os incentivos fiscais. Já o Fórum, que reúne várias categorias do funcionalismo público, enfatizava que esses dados deveriam ser revelados, uma vez que a renúncia fiscal trata do uso de dinheiro público.

O Ministério Público de Contas (MPC) havia se manifestado pela procedência da denúncia e a abertura das informações, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). O Fórum recorreu até a Justiça na tentativa de obter a lista de empresas incentivadas e o valor da renúncia fiscal entre 2003 e 2015. O órgão ministerial sugeria que fosse determinado ao secretário da Fazenda (Paulo Roberto Ferreira) para que divulgasse na internet a listagem contendo todas as renúncias de receitas, discriminadas, ano a ano, com valor, tipo de benefício e a empresa beneficiada.

Na representação feita no TCE, o Focates denunciou a então secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, hoje chefe do Tesouro Nacional, pela omissão no fornecimento de informações. Em julho de 2015, a entidade fez o pedido formal, conforme preceitua a lei, mas não houve resposta completa por parte da então titular da Sefaz. De acordo com a LAI, o agente público tem o prazo de 30 dias para fornecer a documentação pleiteada ou indicar um prazo para o atendimento da demanda sob pena de punições a quem se recusar a prestar informações. A entidade levou o mesmo pleito à Justiça estadual.

No início do mês, o Fórum entrou com duas representações no Ministério Público para exigir o repasse das informações pela Secretaria da Fazenda. Além da relação das empresas incentivadas, o Fórum cobra o valor da renúncia fiscal (parcial ou total), além do número do processo administrativo relativo a cada benefício. Os pedidos serão analisados pela procuradora-geral de Justiça, Elda Márcia Moraes Spedo, e o procurador-geral de Contas, Luciano Vieira.

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