Segundo ele, a principal missão de seu grupo era unificar as chapas de oposição, que caiu por terra após o lançamento das candidaturas da procuradora do Estado, Santuzza da Costa Pereira, e do advogado militante José Carlos Rizk Filho. Antes do registro das chapas, André Moreira tentou viabilizar uma composição entre os dois candidatos, mas encontrou dificuldades de ambos os grupos para encontrar uma convergência. O advogado chegou a declarar apoio à candidatura de Santuzza, mas depois anunciou a saída de seu grupo após o que chamou de “quebra de compromissos”.
Pela primeira vez, André Moreira revelou as razões que levaram a retirada do apoio ao nome da procuradora. Segundo ele, a disputa de espaço entre pequenos grupos dentro da chapa de Santuzza acabou impedindo o apoio. “Havia uma disputa antes mesmo de a candidatura ser viável”. Ele citou ainda o episódio envolvendo o atual presidente da subseção de Colatina, Martiniano Lintz Júnior, que já havia rompido por razões políticas com o atual presidente da OAB-ES, Homero Junger Mafra, que disputa o terceiro mandato.
“Entendo que o Martiniano fez o maior movimento de articulação política dentro da Ordem que eu já vi. Ele conseguiu fechar o apoio único de três subseções [além de Colatina, dos municípios da Serra e Linhares] em torno do nome da Santuzza. A condição era de que ele seria o vice-presidente na chapa, mas ele foi preterido na última hora”, revelou André Moreira. Hoje, Martiniano se declara independente e desfez as articulações em prol da candidatura de Santuzza.
Além desses problemas internos que vivenciou dentro da chapa de Santuzza, o líder do grupo oposicionista também vê que a intransigência de Rizk em sair como candidato também deve favorecer o atual candidato à reeleição. “As chapas não se diferenciam, não têm o perfil da oposição. Se havia um sentimento de mudança, a advocacia terá que esperar mais três anos, possivelmente com Homero. Vamos ter que esperar até 2018. Mas não vamos ficar calados nesse processo. Iremos bater nos pontos que ninguém discute, como, por exemplo, os gastos exorbitantes de campanha. Só que em uma posição privilegiada, agora como eleitores”, antecipou.
André Moreira prometeu que o seu grupo deve se posicionar ao longo da disputa, que vai da próxima terça-feira (20) até o dia da votação, 19 de novembro, sobre outros aspectos da campanha, como a falta de projetos por parte dos candidatos e a ausência de “propostas reais” para a melhoria da condição dos advogados. Ele destaca ainda que os atuais candidatos não abordam a importância da sociedade para a ordem: “Sempre é dito o contrário, que a Ordem é importante para a população. Mas foi a sociedade civil que apostou sua confiança na OAB, quando [a entidade] assumiu posição nas Diretas Já, restabelecimento da democracia e no impeachment do ex-presidente Fernando Collor”.
Sobre o atual modelo de eleições internas, o advogado se revelou um crítico da falta de transparência nos gastos e na organização dos pleitos. André Moreira vê ainda a necessidade do voto direto na escolha do Conselho Federal – eleito hoje pelo voto indireto dos conselheiros federais – e da proporcionalidade na composição dos Conselhos Seccionais, cujas mudanças necessitam da aprovação de uma lei federal. Neste último caso, ele cita que mesmo obtendo 34% dos votos no pleito de 2012, a oposição não teve representatividade durante toda essa gestão. “Como um terço dos advogados ficam sem voz durante três anos? Da mesma forma, porque quem tem menos de 50% da adesão da classe fica com todo o comando?”, questionou.