As negociações entre o Sindicato dos Enfermeiros do Estado (Sindienfermeiros) e o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes) darão um novo passo na próxima semana. Na terça-feira (25) acontecerá, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a audiência de dissídio entre as duas entidades, diante do impasse nas negociações que levou os enfermeiros da rede privada a dar início a uma greve que já dura 17 dias.
“Queríamos dialogar de maneira amigável, mas não foi possível, por isso, vai ter dissídio”, aponta a presidente do Sindienfermeiros, Valeska Fernandes. Ela afirma que Sindhes não apresentou contraproposta, mas que duas empresas, que preferiu não revelar o nome, procuraram o sindicato que representa os trabalhadores para discutir sobre o Acordo Coletivo e sair do dissídio. Com elas, ocorrem as negociações.
Os enfermeiros estão em negociação sobre a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e não aceitam a proposta do Sindhes. A entidade patronal afirmou que se o Supremo Tribunal Federal (STF) não julgar o piso inconstitucional, irá retirar direitos já conquistados pelos trabalhadores, como plano de saúde, auxílio creche e seguro de vida.
Além disso, explica Valeska, a carga horária máxima da Enfermagem é de 44h semanais e os patrões querem pagar o piso somente para quem cumpre essa carga horária. Os trabalhadores questionam o fato de que os patrões defendem que quem cumprir uma carga horária menor, receberá um valor proporcional. Entretanto, no entendimento do Sindienfermeiros, piso é o mínimo que se deve pagar ao trabalhador, não podendo haver remuneração de valor inferior.
Valeska destaca que, para uma categoria cujo trabalho é considerado essencial, como a da Enfermagem, fazer greve é mais desafiador. “É bem difícil, não é como em outras categorias, que as pessoas podem ficar em casa, não comparecer ao local de trabalho e não bater ponto. Tem que estar lá e escolher o que fazer, o que de fato é urgente, mas a empresa quer que você faça tudo”, relata.
Apesar de ser um hospital público, o Himaba é administrado por uma Organização Social (OS), o Instituto Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental (Acqua). O sindicato orientou os trabalhadores a procurarem o jurídico da entidade para pleitear a reintegração. Segundo Valeska, o número de demitidos é próximo de 30, sendo que metade acionou o sindicato para tentar se reintegrar.
O argumento para as demissões foi de que a ala para Covid-19 será desativada, passando por uma reforma para abrigar uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). Entretanto, Valeska acredita que foi uma retaliação. “É uma prática para coibir o movimento grevista”, reforçou.
As ameaças, afirmou Valeska na ocasião, partiram da gerência da OS e que tratou-se de uma tentativa de intimidar principalmente os trabalhadores mais novos, que são os que têm menos informações sobre diversos direitos, como o de greve.