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​Pessoas com deficiência têm dificuldades para acessar medicamentos

Entidades denunciam que remédios fundamentais estão em falta nos postos de saúde dos municípios

“Faltam remédios que as pessoas com deficiência não podem ficar sem, senão não sobrevivem ou não têm qualidade de vida”, alerta Rosilda Maria Dias, do Fórum de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Vila Velha, sobre as dificuldades que ela e outras pessoas enfrentam no município desde agosto do ano passado.

Em reunião recente pela internet, a Comissão de Cadeirantes do Estado do Espírito Santo (Cocades), que inclui pessoas da Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória e outros municípios, constatou que a falta de medicamentos, sondas e insumos tem sido constante em diversos municípios. “A falha está depois que sai da farmácia estadual”, aponta Rosilda. Segundo ela, o acompanhamento de deputados e senadores indica que os medicamentos estariam chegando ao Espírito Santo, mas não aos postos de saúde.

A Associação de Pais e Amigos dos Surdos e Outras Deficiências (Apasod) também relatou a dificuldade que muitas pessoas com deficiência (PCD) têm encontrado para acessar os remédios por conta das restrições de mobilidade, já que o serviço Mão Na Roda, que atendia a essa população, parou de circular durante a crise da Covid-19.

Em contato com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (Sedh), a mesma se responsabilizou pela entrega dos medicamentos da Farmácia Popular na casa das pessoas cadeirantes que comprovadamente não têm condições de se deslocar até a farmácia nos municípios da Grande Vitória. Para isso, é preciso informar nome completo, telefone e endereço domiciliar e número de inscrição na Farmácia Popular à secretaria pelo número 3636-1331 ou pelo e-mail [email protected], anexando também a receita e declaração de próprio punho autorizando a Sedh a retirar a medicação.

A iniciativa facilita a situação de pessoas com deficiência, especialmente nesse momento de Covid-19, assim como uma indicação do deputado estadual Torino Marques (PSL) que solicita a instituição do programa “Remédio em Casa” pelo governo estadual que ainda não foi atendido. Porém, não resolve o problema maior.

“É bom não precisar sair para evitar a contaminação”, pontua Viviane Rangel, da Apasod. No entanto, a medida só atende às Farmácias Cidadãs, e muitas vezes a falta de medicamentos ocorre nos postos de saúde, e mesmo com transporte, não adiantará ter um sistema de entregas com os produtos em falta. “Quem pode está comprando os remédios, mas boa parte do salário está indo pra comprar remédios”, aponta Viviane.

As pessoas com deficiência têm se organizado de forma solidária para conseguir ter acesso ou dividir medicamentos, mas Rosilda considera que a situação está chegando num limite, ao ponto de algumas pessoas estarem se internando em hospitais para ter acesso aos cuidados necessários que não estão podendo ter em casa, o que exige mais do sistema de saúde neste momento delicado e aumenta o risco delas contraírem infecções ou vírus.

Ela explica que pessoas cadeirantes, por exemplo, muitas vezes precisam de uma série de medicamentos de uso contínuo para manter uma qualidade de vida sem adoecer, já que aliviam efeitos resultantes da condição diferenciada do corpo.

A Cocades elaborou uma lista de 25 medicamentos e insumos médicos que estão em falta e pede também que seja fornecido óleo de girassol e fraldas geriátricas para aqueles que necessitam. A comissão afirma que busca respostas do poder público desde o ano passado, mas sem muitos avanços, e estuda também as formas de pressão e ações legais para garantir que esse direito seja de fato cumprido.

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