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Abaixo-assinado contra Porto Central é protocolado no Governo do Estado

Documento com 25 mil adesões foi mobilizado pela Campanha Nem Um Poço a Mais

A Campanha Nem Um Poço a Mais protocolou, no Governo do Estado, um abaixo-assinado contra a instalação do Porto Central, em Presidente Kennedy, na região sul. A entrega do documento foi feita nessa quinta-feira (28), como parte da manifestação contra a expansão da indústria petroleira no Espírito Santo, realizada na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. O abaixo-assinado conta com mais de 25 mil assinaturas.

Fase Divulgação

No documento consta que a posição contrária à instalação do Porto Central se dá por “desrespeitar patrimônio cultural e religioso, cercando e sufocando o Santuário das Neves”. O templo, datado de 1694, ficará “ilhado” com a construção do porto, já que o empreendimento avançará até o Santuário, onde de um lado será construído o estacionamento dos caminhões, e do outro, o espaço para tonéis de até 20 metros, conforme destacou a ativista da Campanha Nem Um Poço a Mais, Flávia Bernardes, por ocasião da manifestação realizada durante a Romaria de Nossa Senhora das Neves, em agosto último.

Além disso, destacou, na época, que a estrada do santuário vai desaparecer, para dar lugar ao canal de acesso do porto. Outro problema é que a igreja é localizada em uma área de alagado. O porto, ao seu redor, ficará em uma altura de 4,5 metros acima. Portanto, em caso de alagamento, a água seguirá para a área da igreja.

Também é destacado no abaixo-assinado que a obra inviabilizará a pesca artesanal e que não houve “consulta livre, prévia, informada e de boa-fé aos pescadores artesanais e comunidades tradicionais do sul ES, norte do RJ e ao longo do rio Itabapoana”.

No documento à gestão de Renato Casagrande (PSB) é denunciado, ainda, que a instalação ameaça a segurança de meninas e mulheres. Com a chegada de mais de 4 mil homens para trabalhar na região no período de instalação do empreendimento, se teme pelo aumento de casos de violência, como a doméstica, e o aliciamento de crianças para a prostituição. Além disso, há preocupação com a destruição da restinga e seus alagados preservados e falsas promessas de emprego para a população local.

Os manifestantes destacam que a instalação do porto vai “servir às petroleiras, causadoras da emergência climática, que deveriam cessar a exploração de petróleo e gás”. O ato na Costa Pereira não marcou somente o posicionamento contrário à instalação do Porto Central, mas também a questão dos poços de petróleo em terra no norte, em especial o blowout ocorrido no poço do campo de petróleo de Inhambu, da empresa Seacrest, em São Mateus, em outubro último.

A coordenadora da Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) e ativista da Campanha Nem Um Poço a Mais, Daniela Meireles, destaca a “farsa da política de sustentabilidade do Governo do Estado”. No panfleto distribuído no protesto, também foram feitas críticas ao secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, denominado no texto de secretário “(anti) meio ambiente”, devido às privatizações dos parques estaduais.

Fase Divulgação

Também foi recordado que o caso da Seacrest não é o único de vazamento, já que há dois anos, vazou oleoduto da Imetame, em Linhares, no norte. “Ao longo do caminho e do tempo, uma ampla infraestrutura petroleira: terminais de óleo e de gás, dutos, refinarias, fábricas de fertilizantes, estaleiros navais, ferrovias, portos e mais portos. Territórios expropriados e contaminados, violências sucessivas, violações abrangentes, ameaças contra lideranças comunitárias, vazamentos, licenciamentos fake, condicionantes que não condicionam, compensações que nunca compensam. Graves e, por vezes, invisibilizados crimes. Protegidos pelas corporações e pelos veículos da imprensa tradicional, pactuados com a farsa do desenvolvimento prometido pelos grandes projetos industriais”, diz o documento.

O texto acrescenta que há “em todo o Estado, na costa atlântica, na região serrana, na região metropolitana, eventos climáticos extremos por causa sobretudo da extração e queima dos combustíveis fósseis como petróleo e gás. A contaminação química dos mangues em Cariacica e Vila Velha. Os navios interditam a pesca em Vitória. O pó preto traz epidemia de problemas respiratórios. O falso desenvolvimento capixaba, baseado na mesma economia colonial exportadora de produtos primários e semielaborados: ferro, mármore e granito, aço, celulose. Concentração de terra, de renda, de poder”.

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