Comuns no mundo pré-pandêmico, as atividades de educação ambiental e mutirões ecológicos começam a retornar à ilha de Vitória, reunindo pequenos grupos que atentem para as normas de segurança para transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Neste domingo (4), a Ação Manguezal vai realizar a limpeza do manguezal próximo à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde se localiza a Ilha do Campinho, “abandonada”, apesar de “importante para o equilíbrio da fauna e flora, ainda presentes”, ressaltam os organizadores Inata Sustenatural e Nosso Jardim.
“O choque de realidade é cenário para refletirmos os modos de consumo, nossos hábitos, produção da indústria e, principalmente, o pedido de socorro do nosso ecossistema”, conclamam os ambientalistas, com objetivo de “reverter o quadro e somar esforços”.
O ponto de encontro é o calçadão do bairro Andorinhas, para a saída por volta das 9h30. A atividade terá duração de quatro horas, com previsão de término às 13h30 e, durante todo o tempo, os participantes atuarão em equipes orientadas pelos monitores. Antes da entrada no manguezal, serão repassados os cuidados com a segurança pessoal.
“Estamos preconizando o uso de máscara. Também o uso de calçados pra não furar o pé, repelente, protetor solar e distanciamento. Vamos gravar um vídeo para orientar a todos”, declara o coordenador da Inata, Walace Mendes, o “Chuveiro”.
Protetora do manguezal
A Ilha do Campinho, foco da ação, é uma proteção natural para os canais do manguezal de Vitória, a partir do de Jardim da Penha. “Toda sujidade que vem do mar, com a maré enchente, fica retida na ilha antes de entrar nos canais do manguezal propriamente dito”, explica.
Ele conta que há muito tempo não é feita uma limpeza no local, que acumula uma quantidade incrível de lixo. A Ação Manguezal, que deveria ter acontecido no ano passado, foi suspensa, como tantas outras, por conta da pandemia.
“Vamos fazer uma ação bacana, para impactar mesmo. É muito lixo, parece que não é a cidade de Vitória. Queremos impactar bem as pessoas em relação ao lixo que elas jogam no ambiente”, expõe.
Wallace acredita que serão necessários mais dois dias de ação, para que seja retirado todo o lixo. “A gente só vai poder trabalhar quatro horas no domingo, porque depende do fluxo da maré. Tem que ir na maré cheia e voltar com ela vazando. Se ficar com a maré vazia, a água baixa demais e pode ficar retido na ilha”, descreve.
Menos lixo no dia a dia
Fundador da Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), uma das entidades mais atuantes na educação ambiental e esportes ao ar livre na orla da Capital, Paulo Pedrosa ressalta a alegria de voltar cautelosamente com os as ações ambientais coletivas, após longo hiato pandêmico. Os eventos maiores, de competição, ainda vão aguardar 2022, mas os pequenos mutirões estão aos poucos voltando a reunir os amantes da proteção da natureza.
Nesse domingo, conta, assim como nos demais eventos já realizados pela AAPC, a ideia é, além da retirada do lixo, refletir sobre os hábitos de consumo atuais e trocar experiências, fortalecendo as boas práticas feitas por cada um.
“Independentemente da associação, eu faço reciclagem em casa, não jogo lixo orgânico mais no lixo. A gente enterra, faz compostagem e fica no terreno mesmo, como adubo. Eu só gero lixo de banheiro e algumas coisas que não têm jeito de reciclar ainda”, relata.
Reciclagem
O lixo reciclável coletado será entregue para uma empresa local, a Latis – Andorinhas, que encaminha materiais para usinas de reciclagem, e é uma das organizações que apoiam a atividade, junto com
a Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), Namastê de Boas, Porã, SOS Manguezal e Tfatorial.
O material não reciclável será recolhido pela prefeitura, que se encarregará da destinação adequada. A gestão municipal também apoiará com cinco a seis garis, material de limpeza e um barco.