A expectativa dos agricultores de Santa Maria de Jetibá é que na próxima segunda-feira (24) a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) acolha a demanda local e aceite celebrar um Acordo de Cooperação Comunitária semelhante ao já firmado em Marechal Floriano e Domingos Martins, em que a irrigação é permitida dentro de alguns critérios, beneficiando algumas culturas em períodos do dia ou da noite.
A solicitação visa a fazer justiça com os agricultores do município, os mais penalizados com a escassez de água. Enquanto eles estão proibidos de irrigar as lavouras desde o início de setembro, as indústrias do Complexo de Tubarão, Vale e ArcelorMittal, grandes consumidoras de água, sequer foram incluídas no rodízio do racionamento – o fornecimento regular foi reduzido, em 20% – e os moradores das cidades sofrem com a suspensão do fornecimento apenas uma vez por semana, o que é parcialmente contornado com reserva de água na véspera.
Na Cooperação Comunitária pretendida por Santa Maria, o município se compromete a monitorar o cumprimento das regras estabelecidas, que só são aplicadas a propriedades que fazem uso de sistemas mais eficientes de irrigação, como gotejamento ou microaspersão. A irrigação convencional continuaria proibida.
O secretário municipal de Agropecuária, Manfredo Kruger, afirma que, neste momento de crise, o mais importante é zerar o desperdício, não só na agricultura, com sistemas ineficientes de irrigação, mas também nas residências e dentro da própria Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), que já assumiu manter um índice de 30% de desperdício em seu sistema de abastecimento.
Kruguer também cobra mais efetividade do Programa Reflorestar, que é urgente, criticando severamente o posicionamento do governo estadual em afirmar que não tem dinheiro para o programa. “Precisa definir prioridades. O Programa não deslancha! Fala, fala, fala e, na prática, não sai do papel. Tem agricultor que assinou contrato, fez os plantios, mas ainda não recebeu o pagamento!”, denuncia.
A proibição da irrigação foi determinada pela resolução 42/2016, da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh). Além de Santa Maria de Jetibá, atinge os demais municípios da região serrana, Domingos Martins, Marechal Floriano e Santa Leopoldina, que estão às margens dos rios que abastecem a Grande Vitória, o Jucu e o Santa Maria da Vitória. Os mesmos rios abastecem as poluidoras de Tubarão.
A contradição do governo foi questionada pelo deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB) nesta semana na Assembleia Legislativa. O tucano apresentou projeto de lei (306/2016) defendendo a inclusão da Vale e sa ArcelorMittal no rodízio no abastecimento de água, com suspensão no fornecimento, assim como imposto às residências, comércios e aos agricultores.