Fotos: Gustavo Louzada/Porã
A expectativa de uma reunião com o secretário estadual de Agricultura, Octaciano Neto, na manhã desta quarta-feira (17), se transformou em uma situação constrangedora, em que a Polícia Militar cercou os manifestantes em frente à Seag e fechou os portões do prédio, não deixando quem estava dentro sair e quem estava fora entrar. “Nem usar o banheiro a gente pôde”, relatou o Coletivo de Comunicação da II Jornada Campo-Cidade Por Nenhum Direito a Menos.
A situação ficou muito tensa e, sentindo a iminência de violência policial, os manifestantes se retiraram e seguiram, em pacífica e ordenada passeata, até o Palácio da Fonte Grande, no Centro de Vitória. Com auxílio de deputados da Comissão de Agricultura, conseguiram formar uma comissão de agricultores e militantes para ser recebida pelo governo.
A audiência durou cerca de três horas e, entre as autoridades presentes, estavam os secretários de Agricultura, Octaciano Neto; de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Rodrigo Coelho (Setades), Rodrigo Coelho; e o coordenador estadual dos Direitos Humanos, Julio Pompeu.
Dos pontos de pauta que puderam ser discutidos, alguns tiveram avanços. Mas a principal reivindicação, a audiência com o governador Paulo Hartung (PMDB), não teve resposta. Uma avaliação geral pelo movimento, ainda na noite desta quarta-feira (17), vai definir os próximos passos da luta e a programação desta quinta-feira, quando a Jornada deve ser concluída.
Cerca de 1.500 pessoas estão participando dessa II Jornada, integrantes de diversos coletivos ligados à agricultura familiar em todo o Estado. Homens e mulheres, adultos e jovens. Muito bonito ver a determinação e o espírito pacífico com que os agricultores, agricultoras e militantes direcionam sua energia e sua esperança em favor da causa camponesa. Passeatas organizadas, gritos de luta e música popular, embalando os passos e os corações dos homens e mulheres do campo, sem os quais as famílias da cidade não teriam alimento em suas mesas.
As agricultoras Denícia e Iracema Kipert, co-cunhadas e moradoras de Pancas, são um exemplo. Do alto de seus 58 e 54 anos, respectivamente, contam que vieram poucas vezes à Capital, sempre muito rápido, apenas para algum tratamento médico. “Ontem [terça-feira, 16] nós andamos, viu? Cansei!”, fala, sobre a passeata entre o acampamento – na sede social dos Sindibancários, na Avenida Vitória – e a Assembleia Legislativa, na Enseada do Suá.
Na fila para usar o banheiro do Palácio da Fonte Grande durante quase uma hora, dizem que vale a pena o esforço. “É a nossa luta, pra melhorar a vida do agricultor”, define Denícia. “Muitos jovens desempregados, muitas famílias no escuro, sem conseguir pagar a conta de energia”, relata Iracema.