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Alojamentos construídos com bambu são alternativas para ecoturismo no Caparaó

Fotos: Divulgação/Aldeia Alegria

Quando comprou uma terra há 20 anos nas proximidades do Parque Nacional do Caparaó, Marcius Cardoso tinha apenas um velho cafezal abandonado e a terra degradada. Regerar e conservar a Mata Atlântica e viver em harmonia com ela foi uma das principais razões que moveram a ocupação do local, que hoje abriga a Aldeia Alegria, num sítio em que mais da metade da área é de reserva que se integra com o parque. 

Há um ano e meio, o ecoturismo tornou-se uma alternativa para fazer o local sustentável e difusor de conhecimento sobre sustentabilidade, juntamente com a produção de alimentos por meio de um sistema agroflorestal.

Localizado nas proximidades da vila de Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, a Aldeia Alegria tem sido uma das pioneiras da região a utilizar o bambu como parte importante do trabalho de bioconstrução, juntamente com barro, madeira, vidro e outros materiais reaproveitados, retomando formas de construção ancestral.

“A Aldeia Alegria tenta ser referência em formas de ocupação sustentável do espaço. Queremos que nossos visitantes façam maiores conexões, que não venham apenas se hospedar, dormir e curtir os atrativos da região. A água que utilizamos volta tratada para a natureza, utilizamos materiais em abundância na região para construção, queremos mostrar que existe possibilidade de usar materiais alternativos que ficam bonitos esteticamente e com conforto térmico”. 

A construção civil tradicional que impera na sociedade é considerada de alto impacto ambiental, sendo um dos setores que mais polui e gera resíduos. O administrador da Aldeia Alegria espera que a experiência desenvolvida no local possa ajudar a divulgar e popularizar o uso dessas técnicas de bioconstrução, feitas a partir de recursos que são renováveis.

“Com isso, fazemos algo que parece extremamente rudimentar ser visto como moderno. Não tem nada mais moderno do que fazer as coisas de forma sustentável. Para a ocupação dos espaços, temos que observar desde a utilização dos materiais até a forma de construir. Qualquer ocupação vai impactar, mas pode ser de uma forma não agressiva e que gere mais benefícios para a região”, explica

Trazendo o conceito de hospedagem natural, o lugar possui quatro suítes e dois bangalôs, o último deles, o Bangalô Eternidade, virou atração principal por sua construção com uso do bambu como suporte. Diante do sucesso, o local prepara uma segunda construção com a mesa base, o Bangalô ÓCAbocla.

A partir da ideia de compartilhar as técnicas e conhecimentos, a Aldeia Alegria realiza entre os dias 9 e 11 de agosto um workshop sobre bioconstrução em bambu, ministrado por Thiago Senra, do projeto Bambuar, de Minas Gerais. No início e ao final de cada construção, o local busca fomentar esse tipo de atividade. 

No workshop, serão abordadas as diversas etapas do manejo do bambu, desde o preparo de mudas, visita ao bambuzal, a forma de corte correto, cuidados e tratamento no bambu, os tipos de encaixe e amarração, montagem e ancoragem dentro do processo de construção.

Embora seja muito comum em alguns países asiáticos, a construção civil em bambu ainda é pouco utilizada no Brasil, e menos ainda no Espírito Santo. “Quando pensam em construção em bambu, as pessoas pensam em cadeiras ou utensílios, nunca numa casa, porque não temos muito essa referência por aqui”, diz Marcius Cardoso.

O workshop que acontece em agosto possui 20 vagas, sendo cinco delas reservadas gratuitamente para moradores da comunidade do entorno. As restantes possuem custo de R$ 350, incluindo hospedagem e alimentação durante a estadia. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (28) 99919-1393 ou (28) 99959-7833.

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