quarta-feira, fevereiro 5, 2025
24.9 C
Vitória
quarta-feira, fevereiro 5, 2025
quarta-feira, fevereiro 5, 2025

Leia Também:

Antes rico em caranguejo, manguezal de Anchieta tem poucos animais

O manguezal de Anchieta, no sul do Estado, já foi rico em caranguejo. A cata do crustáceo era o ganha-pão de muitas pessoas. Não é mais: o animal praticamente desapareceu. E apresenta sinais claros de debilidade: pouco depois de capturado, morre.
 
Esta é a denúncia que foi apresentada aos deputados estaduais da CPI do Pó Preto que visitaram o município esta semana, realizando audiência pública sobre poluição do ar. Um dos moradores denunciou o problema e levantou uma hipótese: os animais podem estar contaminados com o pó preto lançado no ar pela Samarco.
 
Permínio Ferreira, que é construtor na região, é morador de Anchieta. Foi ele quem levantou o problema para os deputados da CPI do Pó Preto. Em entrevista, além de reafirmar a hipótese de que os poluentes do ar da Samarco podem estar matando os animais, também citou outras possíveis causas, todas ligadas à poluição. A poluição hídrica, inclusive por contaminação por esgotos e agrotóxicos.
 
O construtor lembra que a riqueza do manguezal de Anchieta era reconhecida por todos. “Havia fartura de caranguejo. Agora está escasso”, afirma. Relatou que há cerca de dois anos capturou caranguejos no local conhecido como Mandoca. O ponto  fica há cerca de dois quilômetros acima do dique da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan).
 
Observou que no mangue haviam manchas de óleo.  E que a água tinha o mau cheiro de urina. Pouco depois  de catar os caranguejos, observou que eles morriam. Cinco animais morreram em cinco minutos. Os outros dois, chegaram vivos em sua residência. Mas também não resistiram. O construtor foi obrigado a descartar os animais.
 
Permínio Ferreira afirmou que comunicou ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e pediu providências. Mas que jamais recebeu qualquer resposta ou viu providências do órgão. Atualmente, os catadores que vivem da atividade têm de praticar a cata do buraco: tiram os animais de suas tocas.
 
Na CPI do Pó Preto, o  construtor denunciou que teve funcionários que ficaram doentes por causa da poluição do ar. Deu  uma informação que as empresas sabem, mas os órgãos fiscalizadores não querem saber. A de que o pó de minério tem de ser contido nas chaminés. E que isto é possível, que há tecnologia disponível.
 
E mais: “O pó preto não afeta só o ser humano. A natureza também é agredida. A natureza vive. Falta vontade da Samarco de controlar os seus poluentes. A vegetação na nossa região é amarela, cor produzida pelo pó preto. O pó gruda no chão. Se gruda no chão, imagina no ser humano, na natureza?”, provocou Permínio Ferreira.
 
A  bacia do rio Benevente é formada pelos municípios  de Anchieta, Alfredo Chaves, Iconha, Guarapari e Piúma. Sua área de drenagem é de aproximadamente 1.260 quilômetros quadrados. A disponibilidade hídrica é estimada em 30 m3/s (na Estação Fluviométrica do Benevente). Sua vazão atual é muito menor.

Mais Lidas