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APA do Mestre Álvaro com menos 1.351 hectares?

Uma das poucas unidades de conservação do município da Serra, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Mestre Álvaro, criada há 27 anos (Lei nº 4507/1991), protegendo o ponto culminante da Grande Vitória e um ponto turístico em grande potencial, está prestes a perder mais de um terço de sua área, hoje, de 3.740 hectares.

O novo tamanho, de 2.389 hectares, argumenta o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), foi definido em 2008, “com recursos de GPS, que possibilitaram a delimitação da área com maior precisão”.

Além de sua importância para o paisagismo e a conservação da biodiversidade, a APA do Mestre Álvaro também é fundamental para o equilíbrio hídrico da região. Os alagados que a cercam, no entanto, próximos à Rodovia do Contorno, são alvo de intensa especulação imobiliária e industrial.

O fotógrafo e ambientalista Junior Nass, do Grupo Guardiões do Mestre, calcula, com base no Plano de Manejo – de 2010, ainda não implementado – que os Alagados tenham, no mínimo, cinco mil hectares. “Ao invés de aumentarem o tamanho da APA, protegendo também os alagados, eles diminuem. É lamentável, um atraso!”, protesta.

Junior conta que há mais de 20 anos, período em que a Serra vive a dobradinha na prefeitura de Sérgio Vidigal e Audifax Barcelos (Rede), este, o atual prefeito, absolutamente nada é feito dentro da APA. A O Plano de Manejo não foi implementado e a sede foi construída fora do perímetro da Unidade, na área do Jardim do Botânico, que seria anexado à APA.

“O Mestre Álvaro está abandonado pelo Poder Público. É a gente, sociedade civil, que monitora, estuda a biodiversidade, tenta inibir a caça. A prefeitura mesmo, e o Estado, que têm o poder de proteger, não fazem”, reclama.

O ambientalista lembra dos R$ 2 milhões em conta para investimento na Unidade de Conservação, mas que não foram utilizados. “Não melhoram nem sinalizam o acesso, não fazem a base de apoio nos pés da APA, como prometido. Nada. Nem placa colocam lá dentro!”, brada.

E enfatiza sobre o potencial turístico desperdiçado. “Tem reportagem de 1977 falando em incentivar o turismo no Mestre Álvaro. E até hoje isso nunca foi feito. A gente leva grupos de pessoas de vários países, todos ficam admirados, com a beleza, com espécies que só existem lá e em nenhum outro lugar do planeta”, diz.

Os Guardiões e outras organizações ambientalistas serranas têm buscado agendas com o prefeito municipal e o deputado estadual Rodrigo Coelho (PDT), líder do governo na Assembleia, para tentar impedir que o PL prossiga dessa forma.

A proposta enviada à Assembleia também prevê a possibilidade de transferir a administração da APA do Mestre Álvaro para a Prefeitura da Serra, por meio de parceria específica a ser celebrada entre as partes que definirá os limites de gestão do município.

O PL 99/2018 pode tramitar em urgência, caso o Plenário aprove requerimento do líder de governo. Se isso ocorrer, a matéria será incluída na pauta da próxima sessão plenária na próxima segunda-feira (23) e receberá pareceres orais das comissões de Justiça, Meio Ambiente e Finanças.

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