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Apenas três capixabas votam contra urgência para PL do ‘Pacote da Destruição’

Urgência foi aprovada durante o Ato Pela Terra, em que artistas reuniram multidão em Brasília contra projetos 

Felipe Rigoni (União), Helder Salomão (PT) e Ted Conti (PSB) foram os únicos deputados da bancada capixaba que votaram não ao pedido de urgência para votação de um dos projetos de lei que tramitam no Congresso e integram o chamado “Pacote da Destruição”. 
Setenta por cento da bancada votou a favor da aceleração da tramitação: Amaro Neto (Republicanos), Da Vitória (Cidadania), Soraya Manato (PSL), Evair de Melo (PP), Lauriete (PSC), Neucimar Fraga (PSD) e Norma Ayub (União).
A posição minoritária do “não” se repetiu no conjunto da Câmara, onde a urgência foi aprovada por 279 (60,7%) dos 459 votos registrados no painel do plenário, na tarde dessa quarta-feira (9). Com essa aceleração na tramitação, a previsão é que o PL 191/20, sobre mineração em terras indígenas, seja votado ainda na primeira quinzena de abril.
Até lá, informou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a proposta será analisada durante 30 dias por um grupo de trabalho, formado, em tese, por 20 deputados, sendo 13 da maioria e sete da minoria. A decisão, segundo ele, é parte de acordo entre líderes da base e da oposição.
A aprovação ocorreu enquanto, do lado de fora da Câmara, no gramado em frente ao Congresso Nacional, acontecia o Ato pela Terra. O evento reuniu uma multidão convocada por dezenas de movimentos sociais e artistas, sob liderança do músico Caetano Veloso e a produtora cultural Paula Lavigne.
Marcos Oliveira/Agência Senado

Foi durante a apresentação de Caetano, inclusive, que Paula anunciou a decisão de Arthur Lira de pautar a urgência da votação do PL 191/20. “É importante e trágico avisar que o presidente da Câmara resolveu colocar para votação a PL da mineração em terras indígenas neste exato momento”, disse a produtora, convocando um “Lira Não” repetido pela multidão no ato. “Se o Lira não ouvir, o Brasil está ouvindo”, disseram Paula e Caetano, antes da retomada do show. 

Ao final das apresentações, já à noite, a poeta capixaba Elisa Lucinda declamou uma poesia: “Quero andar na vida / Sendo a vida pra mim o que é para o indígena a natureza/ Assim vou / Pedalando solta nos rios da rua da beleza/ nos mares da liberdade alcançada / essa grandeza / E em tal grandeza meu corpo flutua / nos mares doces / e nas difíceis águas da vida crua / Minha alegria prossegue, continua / despida de armas e de medos / Sou mais bonita nua!”

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Manifesto

Como parte do ato, os artistas também participaram de uma audiência no Salão Negro do Senado, onde entregaram um manifesto ao presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Assinado em conjunto com o Movimento 342 da Amazônia, o documento pede aos senadores o voto contrário aos projetos que facilitam a mineração em terras indígenas, flexibilizam as regras de licenciamento ambiental e a regularização fundiária e a ampliação do número de agrotóxicos no Brasil.

Porta voz do grupo, Caetano Veloso pediu que o Senado “desperte” contra essas propostas. “O Senado tem o poder e a responsabilidade de impedir mudanças legislativas irreversíveis que, cedendo a interesses localizados, empurram uma conta imensa para a sociedade e comprometem o futuro do país”, clamou.

Marcos Oliveira/Agência Senado

Em resposta, o presidente Rodrigo Pacheco disse que “o Senado tem o compromisso e a preocupação de avançar na pauta que busque equilibrar a preservação do meio ambiente e estimular o crescimento econômico, e garantiu que irá tratar a tramitação dos demais projetos com cautela, sem açodamento, dando tramitação digna e proporcional a importância do que eles representam”.

Atualização da legislação

Os projetos de lei que tratam da instituição da lei geral do licenciamento ambiental (PL) 2.159/2021 e do novo marco da regularização fundiária (PL 2.633/2020 e PL 510/2021) também foram alvo de critica dos participantes. As duas propostas tramitam no Senado Federal, nas Comissões de Meio Ambiente (CMA) e a de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). 

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), responsável por articular a audiência dessa quarta-feira, disse que, na prática, as matérias regularizam a grilagem. “Por mais paradoxal que pareça, é isso na prática. Regulariza a prática criminosa da grilagem. E todas essas matérias são ameaçadoras para o ecossistema do país, e em especial, para o ecossistema da Amazônia”, alertou.

‘Pacote do veneno’

Ainda durante o evento, o presidente do Senado recebeu uma vídeo chamada do cantor Chico Buarque, que não pôde participar do evento por se recuperar de uma cirurgia. Pelo telefone, ele disse que se somava a voz dos artistas para repudiar o “Pacote do Veneno” e reforçou o pedido para que o Senado impeça a aprovação desse pacote “criminoso”.

A audiência também foi acompanhada pelos senadores Fabiano Contarato (PT), Humberto Costa (PT-PE), Otto Alencar (PSD-BA), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Paulo Rocha (PT-PA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jaques Wagner (PT-BA), Alexandre Silveira (PSD-MG) e Rogério Carvalho (PT-SE). Também esteve presente o bispo de Caxias do Maranhão (MA) e presidente da Comissão Especial sobre a Mineração e a Ecologia Integral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Sebastião Lima Duarte.

Os projetos que integram o manifesto são: PL 2.633/2020: altera a Lei de Licitações e Contratos Administrativas para ampliar o alcance da regularização fundiária; e PL 2.159/2021: altera normas gerais para o licenciamento ambiental; em tramitação no Senado; e os PL 490/2007, que altera a legislação de demarcação de terras indígenas; PL 191/2020: regulamenta a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em reservas indígenas; e PL 6.299/2002, que altera a Lei dos Agrotóxicos e flexibiliza a utilização desse produto; em tramitação na Câmara.

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