Eucalipto, cana e pastagem dominam quase 40% das áreas agricultáveis no Espírito Santo, denuncia o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com base em dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só os plantios de eucalipto ocupam 250 mil hectares de terra agricultável no norte capixaba, o que daria, de acordo com os cálculos da entidade, para assentar 17,6 mil famílias.
Na madrugada do último sábado (19), 50 famílias sem terra ocuparam uma área de 414 hectares no município de Pinheiros, tomada pelo monocultivo de eucalipto da empresa Suzano (ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose).
“A empresa Suzano Papel e Celulose, maior no ramo de monocultivo de eucalipto no mundo, avança sobre áreas agricultáveis. Onde poderia estar produzindo alimentação saudável, gerando postos de trabalho no campo, há monocultivo de eucalipto em processo de expansão”, diz o estudo do MST, lembrando que milhares de família se encontram em busca de trabalho para ter condições de vida dignas. “A reforma agrária está entre as políticas públicas de geração de trabalho e renda no campo”, completa o material.
Nos município de Conceição da Barra, São Mateus, Pedro Canário e Pinheiros, todos no norte capixaba, há 938 famílias assentadas em 10,3 mil hectares de terra, numa média de 11 hectares por família ou 5,5 hectares por posto de trabalho, se considerado que cada família possui em média dois postos. Nos mesmos quatro municípios, a área de monocultivo de eucalipto é de 97, 2 mil hectares, o que corresponde a 39% do total plantado no Espírito Santo (32,8% apenas em São Mateus e Conceição da Barra).
Se a área de monocultivo de eucalipto fosse reconvertida para a reforma agrária, além de assentar 17,6 mil famílias, seria possível criar mais de 35 mil postos de trabalho.
O MST levantou ainda dados da concentração fundiária no Espírito Santo a partir dos dados do IBGE. As pequenas propriedades de até 10 hectares somam 53,4% das 108 mil propriedades, porém, representam apenas 8,2% da área total agricultável. Geram 39,1% da força de trabalho no campo capixaba.
Já as propriedades de 10 a 100 hectares, respondem por 41% das propriedades, 39% da área e 44,4% da força de trabalho. Grandes propriedades de 100 a 1000 hectares são apenas 4,3% das propriedades, mas ocupam 34,2% das áreas e respondem por 12,4% dos empregos na agricultura. Mega propriedades com mais de 1.000 hectares são apenas 0,18% do total de propriedades, 7% da área agricultável e também 7% da força de trabalho.