Uma técnica de medição da mineralogia, através de amostras coletadas por armadilhas de sedimento, permitirá que pesquisadores tenham certeza sobre a chegada da lama de rejeitos da Samarco/Vale-BHP no Banco de Abrolhos, região que abriga a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul.
As armadilhas foram desenvolvidas pelo Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (LARAMG) da UERJ e serão instaladas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMCBio) nesta segunda semana de agosto.
O LARAMG tem publicado as imagens do avanço da lama sobre a região nas redes sociais através do perfil Abrolhos Sky Watch (abaixo). O monitoramento tem sido feito por meio da interpretação das imagens aéreas geradas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que realiza três sobrevoos semanais sobre uma extensa área ao redor da Foz do Rio Doce, além de algumas imagens de satélite.
Como as imagens não são claras o suficiente para comprovar a presença no Banco, é necessário introduzir a nova técnica. “Tudo indica que isto é uma questão de tempo e estamos empenhados em acompanhar este processo”, alerta o pesquisador Heitor Evangelista, um dos coordenadores do Laboratório e coordenador do Abrolhos Sky Watch.
Heitor explica que, para demonstrar de forma efetiva a ação ou não dos sedimentos da Samarco, é necessário que se compare a análise geoquímica dos sedimentos em Abrolhos com aqueles da Foz do Rio Doce. Parte desse material já foi coletada pelos pesquisadores, mas ainda não há recursos suficientes para analisa-las. “É uma triste realidade: a pesquisa ambiental realizada pelas universidades para este acidente está literalmente com o pires na mão. Mas continuamos trabalhando voluntariamente porque sabemos a importância desse trabalho e as dimensões do desastre”, desabafa.