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Assembleia realiza audiência pública sobre pulverização aérea de agrotóxicos

Apenas dois municípios capixabas já possuem leis proibindo a pulverização aérea com agrotóxicos: Vila Valério e Nova Venécia, na região noroeste. Nem Jaguaré, que chegou a sofrer a contaminação de uma escola, já possui proteção legal contra essa técnica arcaica.

O objetivo da audiência pública desta quarta-feira (14) que sera realizada na Assembleia Legislativa, ao ampliar o debate sobre a questão, é iniciar o processo de construção de uma lei estadual que proteja as lavouras, os córregos, as florestas, as vilas rurais e o meio ambiente como um todo dessa forma insegura e, muito provavelmente também ineficiente, de uso de venenos agrícolas.

“Não é seguro”, afirma Lusinério Prezotti, coordenador do Núcleo de Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) de Santa Teresa. O professor explica que a derivação e a volatilização são as duas principais razões para a insegurança comprovada das pulverizações aéreas.

A derivação é provocada pelo vento, quando as gotículas de venenos são desviadas do seu alvo e atingem mananciais, lavouras vizinhas, vilas e até o interior das residências. Para evitar a derivação, as aeronaves deveriam voar a uma altura máxima de três metros, o que não acontece. Já a volatilização é a transformação do agrotóxico líquido em gás, antes de chegar ao solo, indo para a atmosfera e descendo, posteriormente com as chuvas.

Devido principalmente à volatilização, Lusinéro conta que não há nenhum local no planeta totalmente livre de agrotóxicos, incluindo as calotas polares e os picos mais altos. “É um desrespeito com o ambiente e com as pessoas”, critica.

No Espírito Santo, pelo menos três casos de contaminações de escolas e vilarejos já foram registrados, além de várias propriedades de produção orgânicas que não conseguem certificação devido aos resíduos de agrotóxicos recebidos pelas pulverizações aéreas de vizinhos.

O professor do Ifes/Santa Teresa questiona ainda a eficiência técnica das pulverizações. Através delas, o veneno não é lançado como enxurrada, mas como uma nuvem, de gotículas bem pequenas, que cobre a planta basicamente na sua superfície de contato, sem penetrar em áreas mais internas. Se a chamada “praga” – inseto, fungo – se aloja nesses locais, não é atingido.

As monoculturas de café e cana-de-açúcar são os principais clientes das pulverizações aéreas com agrotóxicos no Estado. E com a aproximação do verão, tem início o período em que essa técnica é mais utilizada. O café está em fase de formação do grão e a cana, já cortada, começa a rebrotar. Ambas as situações atraem mais insetos, que, numa monocultura, qualquer que seja ela, se tornam um problema difícil de resolver.

A audiência pública foi solicitada pelo deputado Padre Honório (PT) por demanda da Articulação Capixaba de Agroecologia (ACA) e tem início às 13h, no Plenário Dirceu Cardoso da Assembleia Legislativa, com palestra do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Microbiologia, Thomas Langenbach. Estarão presentes, também, representantes da Secretaria Estadual de Saúde, Instituto Capixaba de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário/ES, Secretaria Estadual de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca. 

 

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