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Associação divulga dados da Covid-19 em comunidades indígenas

Apesar dos poucos casos no Espírito Santo, Paulo Tupinikim afirma que clima nas aldeias é de apreensão

A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) realiza um acompanhamento sobre os casos de contágio pelo novo coronavírus (Covid-19) nas comunidades indígenas das regiões que representa. Os últimos dados levantados apontam que houve quatro casos confirmados, sendo três já curados. Há o registro também da morte de um indígena, que embora não morasse nas aldeias, costuma visitar a família em Aracruz, norte do Estado.

Havia cinco casos suspeitos nas aldeias, sendo dois já descartados. Os registros até agora se dão nas aldeias de Pau Brasil e Irajá. Logo na chegada da pandemia ao Espírito Santo e início das medidas de isolamento social, muitas aldeias Tupinikim e Guarani de Aracruz fecharam suas entradas e pediram para que não houvesse visita de turistas e nem mesmo de parentes.

Morador da aldeia de Caieiras Velha, Paulo Tupinikim, coordenador-geral da Apoinme, relata que nas aldeias o clima é de preocupação tanto com o contágio como com a sobrevivência das famílias diante da crise. “As pessoas estão bem apreensivas com o número de casos e as lideranças estão trabalhando no sentido de tentar garantir a segurança alimentar das aldeias, pedindo doações”, afirma.

Ele informa que já foram recebidas doações do Governo do Estado e da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas que a preocupação segue. “A gente sabe que a pandemia é uma situação que não vai acabar agora, vai continuar e as necessidades vão voltar, porque muitas pessoas das comunidades trabalham como autônomos e estão impossibilitados de exercer suas atividades e gerar renda”, disse Paulo Tupinikim.

De acordo com os dados da Apoinme, já foram registrados no Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo um total de 259 infectados e 23 óbitos, não havendo casos apenas no Piauí e Minas Gerais, que assim como Sergipe não registraram nenhum óbito de indígenas. Pernambuco e Ceará são os estados representados pela articulação indígena que registraram maior número de casos. No Ceará somam-se 10 contágios e oito óbitos, enquanto Pernambuco soma 42 casos e 10 mortes entre os povos originários.

O levantamento da Apoinme tem sido feito contando como fontes com lideranças, comunidades, organizações indígenas e trabalhadores de saúde indígena de sua área de abrangência, além de boletins e informativos das autoridades, que computam casos de indígenas que moram dentro e fora de seus territórios.

Nessa quinta-feira (18), a organização indígena também emitiu uma nota de repúdio à portaria emitida pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que no dia em que anunciou sua saída do cargo, assinou pelo fim das políticas afirmativas para indígenas, negros e pessoas com deficiência nos cursos de pós-graduação das entidades federais de ensino superior.

“A atitude de Weintraub confirma a sua política contrária à educação inclusiva e às ações afirmativas, não só de povos indígenas, assim como negros, pardos e pessoas com deficiências, confirmando o caráter racista, preconceituoso e anti-indígena do atual governo, atuando com perseguições às minorias e menos desfavorecidos”, diz a nota assinada por Paulo Henrique Vicente Oliveira, o Paulo Tupinikim.

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