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Atingidos de São Mateus pedem doações de alimentos para o Natal

Pescadores e catadores de caranguejos de São Mateus, atingidos pelo crime da Samarco/Vale-BHP, estão com uma campanha até o dia 23 de dezembro, para arrecadar alimentos para as mais de 130 famílias que ficaram impossibilitadas de exercer suas atividades econômicas tradicionais em função dos mais de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração que vazaram da Barragem de Fundão, em Mariana/MG, no dia cinco de novembro de 2015.

Alimentos não perecíveis, cestas básicas, brinquedos, roupas “e carinho” podem ser entregues diretamente nas dez comunidades atingidas: Barra Seca, Urussuquara, Campo Grande, Barra Nova Norte e Barra Nova Sul, São Miguel, Nativo, Tábuas, Ponta e Ferruge. Também podem ser feitas doações em dinheiro, de “cinco, dez ou mais reais”. 

“Estamos com dificuldades pra nos sustentar em nossas casas”, conta Gilmar Abelina de Jesus, um dos atingidos, em Campo Grande, informando que, apenas em sua comunidade, mais de 130 famílias passam necessidades.

A campanha natalina “Condições e sobreviver” visa permitir “que os atingidos tenham festas de fim de ano dignas e possam ter momentos de alegria com seus familiares, após dois anos de tantas desgraças”, segundo informa a página da campanha, divulgada também no Diário de um Pescador Interrompido.

“Contribua como puder! Doações de roupas, brinquedos, alimentos e carinho também são muito bem-vindas, mas, devido à falta de condições dos atingidos, devem ser entregues diretamente nas comunidades!”, destaca a página. No Diário, serão publicadas fotos das doações, que seguem até o dia 07 de dezembro.

As comunidades costeiras de São Mateus foram finalmente reconhecidas como atingidas pelo maior crime ambiental da história do país, e o maior do mundo no universo da mineração, no dia 30 de março de 2017, um ano e quatro meses depois do crime, com a publicação da Deliberação 58 do Comitê Interfederativo (CIF). Mesmo assim, passados oito meses, a Fundação Renova ainda não cadastrou as famílias atingidas, que continuam sem receber qualquer auxílio.

Defensorias Públicas

No início de novembro deste ano, as Defensorias Públicas do Espírito Santo e da União determinaram um prazo de cinco dias para a Fundação Renova iniciasse os pagamentos dos auxílios emergenciais, o que não foi cumprido. Na época, as Defensorias anunciaram que iriam judicializar a questão, em caso de descumprimento por parte das empresas.

O CIF e a Renova foram criados a partir do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) assinado em fevereiro de 2016 entre os Governos federal e estaduais e as empresas criminosas, como ferramentas de gestão dos impactos do crime. Porém, o Ministério Público Federal e as Defensorias Públicas vêm repetidamente afirmando que a governança do crime não tem funcionado, pois as determinações e deliberações não são cumpridas pelas empresas, caracterizando uma “privatização do crime”, como afirmou o defensor público do Espírito Santo, Rafael Mello Portella Campos.

Serviço:

Doações em dinheiro podem ser feitas na Caixa:

Ag. 0717

C/P: 7167-6

Mais informações na página da Campanha e no Diário de um Pescador Interrompido.

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