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Atingidos pela Samarco/Vale-BHP iniciam Marcha de Regência a Mariana

Cerca de 300 pessoas deram início à Marcha dos Atingidos da Bacia do Rio Doce, que saiu na manhã desta segunda-feira (31) de Regência, em Linhares, norte do Espírito Santo. O destino é a cidade de Mariana, em Minas Gerais. Na cidade, onde ocorreu o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco/Vale-BHP, será realizado o Encontro dos Atingidos da Bacia do Rio Doce, entre estas quinta e sexta-feiras (3 e 4), que deve reunir até 1.500 pessoas.

O ato de abertura da Marcha foi às 9h na praia de Regência, na foz do Rio Doce, rambém contaminado pelos rejeitos, após uma mística enfatizando a necessidade de união dos atingidos na luta por seus direitos, após um ano de impunidade do maior crime ambiental do país e um dos maiores do mundo. À tarde, em Colatina, foi feita uma marcha dentro da cidade e, à noite, uma assembleia no distrito de Mascarenhas, em Baixo Guandu, encerrando a programação do dia.

A comunidade de Mascarenhas, formada basicamente por pescadores artesanais, tem uma experiência interessante de organização social e conseguiu garantir alguns direitos com a empresa. A expectativa é que essa interação resulte em avanços para as comunidades que ainda não conseguiram vencer as estratégias de desarticulação social que a Samarco/Vale-BHP tem imprimido nos municípios afetados pela lama em Minas Gerais e no Espírito Santo.

“A união, a organização e a luta são os principais caminhos para obter conquistas”, afirma Pablo Dias, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na Bacia do Rio Doce. “São importantes o Ministério Público, a Defensoria Pública, mas se a comunidade não estiver unida, não consegue êxito”, completa.

Em Mascarenhas, essa lição foi aprendida após uma experiência apontada pelos moradores como ruim, de convivência com a barragem de Mascarenhas e com a estrada de ferro da Vale, que atravessa a comunidade e tem um fluxo intenso, com o trem passando a cada quinze minutos.

Pablo acredita que outra peculiaridade positiva de Mascarenhas é a ascendência indígena dos moradores, provavelmente da etnia Botocudos. “A cultura indígena dá muita importância à união, em confiar primeiro nos irmãos do que nos que vem de fora”, explica Pablo.

Nessa terça-feira (1) a meta é chegar em Governador Valadares, já em Minas Gerais, onde uma audiência pública com a  participação do Ministério Público e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados debaterá sobre a água do Rio Doce e os impactos sobre as populações indígenas.

À tarde haverá uma caminhada pelas ruas de Cachoeira Escura, município de Belo Oriente, e, à noite, um aulão público com cerca de mil estudantes abordará o crime da Samarco/Vale-BHP e a questão da mineração em Minas Gerais e no Brasil.

Ao longo do percurso, a hospedagem e alimentação dos manifestantes são cedidas pelas próprias comunidades e também disponibilizadas pelos parceiros do MAB, principalmente prefeituras municipais e igrejas.

“A lama desceu trazendo desgraça e a marcha sobe com a mensagem da união e da luta”, anuncia o coordenador do MAB. 

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