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Atingidos pela Samarco/Vale-BHP protestam em frente à Fundação Renova

Pescadores, agricultores, comerciantes e ribeirinhos de Povoação e Regência, na Foz do Rio Doce, em Linhares (norte do Estado), realizaram nesta segunda-feira (26) uma caminhada pelas ruas do município, que culminou com um protesto em frente ao escritório da Fundação Renova, para exigir direitos mínimos como impactados pelo crime da Samarco/Vale-BHP.

“Acabaram com o Rio Doce, com o mar e com a Lagoa Monsarás. Acabaram com o turismo. E não querem reconhecer o crime que cometeram”, denuncia Jocenilson Cirilo Mendonça, presidente da Associação de Moradores de Povoação.

Os manifestantes foram recebidos por representantes da Fundação Renova e do Programa de Indenização Imediata (PIM) da empresa, porém, somente receberam como resposta uma promessa de reunião dentro de uma semana. “Eles fazem reunião, mas parece que só brincam com a gente”, reclamou o líder comunitário, lembrando as várias reuniões já promovidas pela empresa e sua Fundação, sem nenhum resultado prático em benefício dos impactados.

De fato, apenas uma parte dos moradores de algumas comunidades atingidas foram cadastradas e estão recebendo o auxílio emergencial e aptos para receberam as indenizações por danos materiais e financeiros gerados pela incapacidade de trabalhar após o crime, no dia cinco de novembro de 2015.

E, mesmo após o reconhecimento, pelo Comitê Interfederativo, de mais de uma dezena de outras comunidades, ao norte e ao sul da Foz do Rio Doce, igualmente impactadas pela lama de rejeitos de minério, a Renova e a Samarco/Vale-BHP simplesmente se negam a obedecer e seguem sem qualquer medida efetiva de atendimento às vítimas do maior crime ambiental do país.

Na manifestação desta segunda, os representantes da Renova e do PIM receberam um documento com as reivindicações urgentes das comunidades, que envolvem a revisão dos cadastros negados, tendo como base os registros do Programa de Saúde da Família (PSF) de 2014 e 2015; laudo da qualidade da água do mar em toda a região atingida, com divulgação em rede nacional; e início do pagamento das indenizações, pelo PIM, em no máximo 30 dias.

Sobre esta última exigência, foi anunciado que, caso os pagamentos não comecem até o dia 26 de julho próximo, novos protestos irão acontecer, desta vez, com fechamento de ferrovias, com objetivo de impedir as atividades produtivas das empresas criminosas.

“A gente não sabe mais onde ir. Já procuramos o Ministério Público, a Defensoria Pública, o jornal, a televisão, a Assembleia Legislativa. Agora, só manifestação, não tem outra opção”, lamenta Jocenilson.

A vida da comunidade, que sempre foi frágil economicamente e precária estruturalmente, atingiu um estado gravíssimo, com a destruição do rio, do mar, do turismo e da pesca, além do impacto emocional, psicológico e cultural que o crime teve sobre os moradores. “Temos aqui ao lado duas indústrias que não geram emprego. Nem estrada temos, só passa de trator. São mais de 3,5 mil habitantes que foram impactados. As pessoas não têm paz, estão sem rumo”, desabafa.

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