A realização é da Câmara de Vereadores, em atendimento a uma antiga e recorrente demanda das comunidades de Vila e Barra do Riacho, além das aldeias indígenas Tupinikim e Guarani do município. “São inúmeras as denúncias de que dejetos estão sendo despejado nos rios do município sem o devido tratamento, o que tem aumentado consideravelmente os índices de poluição das águas”, afirma a vereadora Dileuza Marins Del Caro (PSB), requerente da audiência.
A vereadora destaca o Canal Caboclo Bernardo, em Vila do Riacho, como o caso mais crítico. A construção é resultado de uma transposição de bacias do Rio Doce para o Rio Riacho, feita pela Aracruz Celulose (Fibria) em 1999, para abastecer sua fábrica C, com conivência do poder público municipal e estadual. Em 2005, sob o pretexto de aumentar a disponibilidade hídrica nas várzeas do Rio Riacho nos municípios de Aracruz e Linhares e, assim, desassorear o canal, a empresa conseguiu novo licenciamento ambiental para desviar o Rio Doce. As mudanças alteraram drasticamente o comportamento hídrico da região, prejudicando comunidades ribeirinhas indígenas e pescadores artesanais.
Um dos palestrantes será Herval Nogueira, morador de Barra do Riacho e militante da Rede Alerta Contra o Deserto Verde. “O que esperamos é que as autoridades acordem! Que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Riacho desperte pro seu real papel. E que os órgãos competentes ajam com imparcialidade. Chega de tráfico de influências!”, convoca o líder comunitário.
Herval lembra que na próxima terça-feira (4), uma outra audiência sobre a poluição da Bacia do Rio Riacho, desta vez mais focada nos impactos sobre as comunidades indígenas, será realizada pelo Ministério Público Federal, na aldeia Córrego do Ouro.