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Autor da lei que proíbe plantios de eucalipto na Serra desafia setor a provar que atividade não gera impactos

Autor da proposta que gerou a proibição dos plantios de eucalipto na Serra, o vereador Aldair Xavier (PTB) desafia o setor a provar que a atividade não gera impactos ambientais, como garante nota divulgada por entidades contra a proposta. Ele mantém sua opinião crítica sobre a monocultura e considera uma “imposição arbitrária” a movimentação dos representantes do agronegócio para revogar a medida, mais de um mês após a promulgação pela Câmara. “Se realmente querem o debate, vamos reunir os dois lados da questão e discutir melhorias, mas não seremos marionetes dos interesses de apenas um grupo”, avisou.
Aldair reforça que a apresentação da lei foi motivada pela degradação ao meio ambiente gerada pelos plantios de eucalipto no município, principalmente em relação ao elevado consumo de água. Ele considera o atual momento ímpar para a discussão, devido à crise hídrica histórica registrada no Estado. “Não precisa ter doutorado na área para perceber esses impactos”, pontuou, em reposta aos temos da nota divulgada por entidades do setor, aos quais considerou “desnecessários e desrespeitosos”. 
O documento, assinado pela Associação de Engenheiros Florestais do Estado (Aefes), Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES), Federação da Agricultura do Estado (Faes) e Sociedade Espirito-Santense de Engenheiros Agrônomos (Seea), enumera apenas benefícios do eucalipto e trata a decisão da Câmara como intempestiva e inconsequente. Para as entidades, os vereadores – que aprovaram a proposta por unanimidade – legislaram “sobre o que não conhecem”.
Além disso, a nota pontua como falsas as informações e “até mesmo crença” que os plantios de eucalipto “sugam as águas disponíveis como se fossem bombas d’ água, e danificam o solo, só porque estão prontas para uso em sete anos”. A lei, segundo as entidades, causa “desserviço e enorme prejuízo à sociedade capixaba”.
Aldair rebate as críticas, afirma que a Câmara não tem interesse em prejudicar ninguém, e está aberta ao “diálogo saudável” com toda a sociedade, e não só com o grupo que representa o agronegócio. 
O proponente da lei lembra, ainda, que a Câmara não negou o direito ao contraditório. “O projeto ficou meses em tramitação, mas ninguém apareceu para o debate. O prefeito também lavou as mãos”, afirmou, lembrando que a lei foi promulgada pela presidente da Câmara, Neidia Pimentel (PSC), porque transcorreu o prazo de manifestação do prefeito Audifax Barcelos (Rede).
Para o vereador, o prefeito também deveria apresentar os números da geração de empregos da área na Serra e o comparativo com outras atividades.
“Em um ponto a sociedade já está no lucro, porque o agronegócio ficou refém. O setor nunca precisou provar nada, agora, é diferente”, afirmou o vereador. Aldair explica que elaborou a lei após encontros com representantes da área ambiental e estudos que abordam a questão.
O autor da lei aponta ainda a necessidade de impor limites para os plantios. “Estamos pagando hoje o preço do que deixou de ser feito em décadas passadas. Não podemos fazer o mesmo com as gerações futuras”, defendeu. 
De acordo com Aldair, 90% dos plantios da Serra são destinados à produção de celulose, principalmente para a Aracruz Celulose (Fibria). “A reação do setor ‘tem endereço certo”, completou.
A Lei 4478/2016, promulgada no último dia 20 de abril, proíbe novos plantios de eucalipto na Serra e estabelece prazo de cinco anos para que sejam encerradas todas as plantações já existentes, sob pena de multa. Os impactos ambientais da monocultura também resultaram em proibição nos municípios de Mucurici e Ponto Belo, no extremo norte do Estado, porém, pela Justiça.

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