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Autossuficiência em energia cresce entre agricultores de Santa Maria de Jetibá

Financiamento das placas solares por dez anos projeta outros quinze de lucro, sem conta de energia

Acompanhando a tendência do País, a energia solar cresce entre as famílias agricultoras de Santa Maria de Jetibá, na região serrana capixaba, que têm cada vez mais alcançado a autossuficiência na compra de placas solares, que abastecem as residências, bombas d’ água usadas na irrigação e outras demandas. 

Em Caramuru, Alto Jetibá, famílias como a de Gilberto e Elilza Lemke aproveitam a oportunidade de financiamento pelo Banco do Brasil para aderir à transição energética, fortalecendo a necessária adoção de fontes renováveis e limpas de energia elétrica.

Arquivo pessoal

“Antes só os grandes conseguiam, era muito caro. Aí foi chegando mais perto… até que a gente conseguiu colocar também [os painéis fotovoltaicos]. Aqui em Caramuru tem muito agricultor aderindo”, testemunha Gilberto Lemke. 

O investimento compromissado com o banco é de aproximadamente R$ 5 a 6 mil por ano, durante dez anos. Como o equipamento tem garantia de funcionamento por 25 anos, os últimos quinze serão de puro lucro, já que a única manutenção recomendada é a lavagem do equipamento a cada seis meses ou um ano. 

“A gente gastava de sete a oito mil por ano com conta de energia. Então vale muito a pena”, afirma. “O rapaz da loja [de placas solares] disse que é um negócio muito bom, melhor que ouro e poupança”, sorri. 

O equipamento da família Lemke foi adquirido em duas etapas, somando 1,2 mil KW. Desde o início do ano, já supre toda a demanda da propriedade, incluindo a residência e a bomba de água, que leva água do poço artesiano para a irrigação da lavoura. “No início substituí só uma parte, o orçamento era bem alto pra gente. Mas depois de três meses, vimos que valia a pena. Agora até sobra energia”, comemora. 

A irrigação, conta, é feita todos os dias, sendo intensificada nos períodos de chuva. A família planta gengibre, café, milho e verduras. “O gengibre gasta muita água pra lavar, precisa ir bem limpo pra exportação. Hortaliças precisa irrigar todos os dias”.

Arquivo pessoal

A revolução solar só não liberta os Lemke totalmente da conta mensal de energia porque a concessionária, EDP Escelsa, mantém a cobrança da taxa mínima, hoje em R$ 55. Mas o volume produzido de energia que não é consumido conta como crédito, que pode ser consumido no próprio local em momento futuro ou doado para outra família, que tenha seu número de instalação em qualquer cidade ou estado atendido pela empresa. 

A matemática de produção e consumo é apresentada em tempo real por meio de dois relógios de energia, que substituem o tradicional relógio único, assim que o equipamento solar é instalado. Gilberto conta que, no início de 2022, quando já completava um ano de energia solar, a EDP fez uma segunda troca dos relógios, fazendo desaparecer o crédito registrado no aparelho antigo. “Eu tinha mais de mil quilowatts de crédito. Não sei se ele desapareceu com a troca do relógio. O rapaz da Escelsa não explicou nada sobre isso”, conta. 

Crise climática 

Além da autossuficiência e economia financeira, Gilberto e Elilza Lemke destacam a satisfação em poder contribuir com a redução da crise climática global. “Uns tempos atrás estava tão seco! Não tinha água para a irrigação, para a agricultura, enquanto a represa [do Rio Bonito] continuava gerando energia elétrica. Pelo menos estamos fazendo a nossa parte”. 

Satisfação também em se sentir parte de um movimento mundial de transição para fontes amigas do clima e que não emitem gases de efeito estufa. Especialmente no Brasil, a energia solar produzida atingiu, no início de março, o equivalente à produção da maior Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, no Paraná, na fronteira com o Paraguai, a maior do país: 14 Gigawatts (GW), somando os sistemas individuais – instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos de casas, comércios e indústria – e as pequenas centrais fotovoltaicas. 

Um mês depois, neste início de abril, a potência subiu para 15GW. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) calcula que a mesma capacidade de Itaipu será alcançada em setembro exclusivamente pelos sistemas individuais, hoje responsáveis por 10GW. 

Conforme noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo, a Absolar prevê que o Brasil irá registrar recordes de crescimento do mercado neste ano, que já conta com mais de 930 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede. Os consumidores residenciais respondem por cerca de 77% das instalações de geração própria. Depois, aparecem as pequenas empresas dos setores de comércio e serviços (12,7%) e consumidores rurais (7,7%). Indústrias vêm em quarto lugar (2%).

Sindicato é referência

Divulgação

Em Santa Maria de Jetibá, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais busca ser referência. Além de conquistar a autossuficiência energética na sede principal, no centro da cidade, e na subsede em Alto Garrafão, tem incentivado seus associados a conhecer a tecnologia. 

“Só procurar o nosso sindicato e tirar todas as dúvidas e ainda ver os equipamentos funcionando, produzindo energia”, convida a entidade, que produz 700 KW/mês.

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