Uma tese sobre prevalências de sintomas respiratórios em crianças de Jardim da Penha e Jardim Camburi, bairros de Vitória, apontou que os moradores de Jardim Camburi são mais prejudicados pela poluição do ar.
“As análises de biomonitoramento identificaram que em Jardim Camburi há ainda mais contribuição das indústrias do que em Jardim da Penha”, afirmou a engenheira química Dione da Conceição Miranda. Ela é assessora da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória e se manifestou durante a última reunião da CPI do Pó Preto, na Assembleia Legislativa.
A engenheira apontou ainda que os resultados dos estudos sugerem que o risco de exposição às emissões industriais pode ser maior que o risco à exposição de emissões por outras fontes de poluição. Ela também procurou mostrar ações da Prefeitura de Vitória em relação à poluição do ar.
Mas os ambientalistas denunciam a omissão do prefeito Luciano Rezende (PPS) em relação à poluição do ar nos seus dois primeiros anos de mandato.
A própria CPI do Pó Preto é criticada. A história de sua criação e composição aponta que ela terá o papel de mascarar a participação do governador Paulo Hartung (PMDB) na elevação dos índices de poluição para níveis jamais imaginados.
Foi no seu segundo mandato que Paulo Hartung autorizou a ampliação da produção das sete usinas da Vale, e licenciou a construção da oitava usina da empresa. A poluição do ar já era insuportável na Grande Vitória, mas isto foi desconsiderado.
Além dos municípios da Grande Vitoria serem atingidos pelos poluentes do ar produzidos no Planalto de Carapina pela Vale e ArcelorMittal, que castigam os moradores e o ambiente das áreas mais próximas, até moradores dos bairros mais distantes, há agravantes.
Na região da Grande Cobilândia e dos bairros próximos de São Torquato, em Vila Velha, e a Grande Bela Autora, além dos bairros próximos de Jardim América, em Cariacica, os moradores são atingidos ainda pelos venenos produzidos e lançados no ar pela ArcelorMittal Cariacica, que funciona na divisa dos dois municípios.