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‘Brasil pode ser mais audacioso e zerar desmatamento até 2030’

Participando da COP-26 como presidente do Consórcio Brasil Verde, governador também apresenta ações feitas no Estado

Secom

Eleito por unanimidade o presidente do Consórcio Brasil Verde, que reúne 22 governadores em ações para redução do aquecimento global no Brasil, o governador Renato Casagrande (PSB) cumpriu nesta segunda-feira (1) o segundo dia de atividades na 26° Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática (COP-26), na cidade de Glasgow, na Suécia, que teve início nesse domingo (31) e prossegue até o dia 12 de novembro. A agenda do governador capixaba se estende até a próxima sexta-feira (5).

Com a missão primeira de apresentar a Coalizão de Governadores pelo Clima (CGC)/Consórcio Brasil Verde, Casagrande enfatizou os três principais objetivos do grupo de chefes estaduais, que pela primeira vez realizam tal iniciativa na história das COP: trabalhar dentro de seus próprios estados; ajudar o Brasil a alcançar suas metas internacionais; e atuar na articulação nacional e internacional.

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“Primeira tarefa do consórcio é trabalhar para dentro dos nossos estados. Se queremos trabalhar para fora, temos que ter credibilidade para ter voz reconhecida. Segundo, é ajudar o Brasil a alcançar suas metas. A outra é articulação nacional e internacional. É mais uma voz do Brasil, o consórcio tem esse papel, de ajudar nesse debate internacional e nacional”, relatou.

Sobre as metas brasileiras, Casagrande destacou o seu apoio pessoal e do Consórcio, para a proposta discutida com entidades da sociedade civil brasileiras e de outros países – o Brasil levou para a Escócia a segunda maior delegação da sociedade civil – de adotar uma meta mais audaciosa.

“Eu ajudei na construção de uma proposta que a sociedade civil está debatendo na Conferência, que a gente possa ser mais audacioso, o Brasil zerar o desmatamento até 2030, que com certeza se tiver decisão política, consegue. Não é decisão política só do governo federal, é também dos estados, governadores, prefeitos, deputados, sociedade brasileira. Se a gente conseguir zerar o desmatamento, já permite que o Brasil reduza até 2030 mais de 60% de suas emissões”, disse.

Atualmente, a meta é reduzir em 57% as emissões de gases de efeito estufa nesse período, após a adoção de um inventário de emissões “mais realista”, que mostrou números maiores de emissões brasileiras em 2005.

Brazil Climate Action Hub

“Me perguntam: ‘governador, é possível?’ As entidades que estão aqui sabem! Os jovens que estão aqui sabem! Só, entre aspas, só da gente zerar o desmatamento no Brasil, já passa dessa meta. Até 2030, zerando o desmatamento, já reduziremos mais de 60%. Então tem uma audácia que precisa ser incorporada na negociação dos representantes do governo federal aqui nessa conferência”, reafirmou.

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O debate com ONGs sobre metas mais ousadas de redução de emissões aconteceu no âmbito no Brazil Climate Action Hub, do qual participaram representantes de instituições como a SOS Mata Atlântica, o Centro Brasil no Clima (CBC) – liderado inicialmente por Alfredo Sirkis e atualmente conduzido por seu filho, Guilherme Sirkis, o CBC iniciou o movimento de Governadores pelo Clima, que originou o Consórcio Brasil Verde, e apoiou o lançamento do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas –, o Instituto Clima e Sociedade, Fridays For Future e Clima e Sociedade.

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Ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que coordena o Bioma Mata Atlântica do Consórcio, Casagrande também apresentou as ações ambientais do Estado ao Brazil Climate Action Hub. “Temos um programa estadual de mudanças climáticas e estamos construindo um plano estadual junto com a sociedade capixaba. Estamos também com programas importantes de reflorestamento, como o Reflorestar, que acompanha 285 mil hectares de regeneração de floresta, e reflorestou 10 mil hectares, e programas diversos de adaptação às mudanças climáticas”, enunciou.

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Iniciativas locais

Em outra agenda, Casagrande foi um dos convidados do evento #Time4MultilevelAction Dialogues, que contou com entes subnacionais (governadores e prefeitos) de vários locais do mundo, para formar um consenso sobre ações para influenciar as tomadas de decisão dos respectivos governos nacionais. O evento foi organizado pelo Comitê Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI).

Também participaram do encontro #Time4MultilevelAction Dialogues, o presidente da ICLEI, Frank Cownie, que é prefeito da cidade Des Moines (Estados Unidos); o secretário-geral do comitê, Gino Van Begin; o vice-governador da Província de Jeolla do Sul (Coreia do Sul); Mun Keun-Ju; o prefeito de Tegucigalpa (Honduras), Nasry Tito Asfura; a prefeita do Condado de Miami Dade (Estados Unidos), Daniella Levin Cava; a vice-prefeita de Budapeste (Hungria), Kata Tüttő, que é relatora sobre Gênero e Clima no Comité das Regiões Europeu (CR); o diretor do Escritório de Cooperação Internacional e Infraestrutura Sustentável, Global Agência Ambiental do Ministério do Meio Ambiente do Japão; Ryuzo Sugimoto; o presidente da Associação de Governos Locais de Ruanda, Innocent Uwimana, e a presidente da Globe International, Malini Mehra.

Desertos vedes

O debate dos monocultivos de eucalipto, que ocupam entre 260 mil e 300 mil hectares no Espírito Santo, consistindo no uso do solo que mais cresce no Estado, não apareceu nos pronunciamentos oficiais da COP-26, mas pode e deve ter repercussão, inicialmente em âmbito estadual, como orientou o saudoso Alfredo Sirkis quando de sua última passagem pelo Estado.
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A ofensiva da Suzano Papel e Celulose (Ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose) continua, contando agora com assinatura da grande ONG SOS Mata Atlântica no programa Planos Municipais da Mata Atlântica (PMMAs), em que a papeleira vai apoiar a elaboração, por ONGs locais, dos PMMAs em trinta municípios mais estratégicos para seus negócios de plantio de monoculturas de eucalipto.

Reduzir o problema do clima a uma conta matemática de toneladas de carbono não reduz em nada os problemas decorrentes do deserto verde iniciados no norte e noroeste do Estado e que agora se espalham para as demais regiões, ainda sob o falacioso codinome de “florestas plantadas”, principalmente os ataques já impostos às populações tradicionais, à biodiversidade e segurança alimentar.

Comitiva capixaba

Dos 22 governadores integrantes do Consórcio Brasil Verde, 13, incluindo Casagrande, participarão da COP-26 em datas distintas. Na comitiva capixaba, além do governador, estão o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fabricio Machado, e a diretora presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Cristina Engel.

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