A campanha antipetroleira “Nem Um Poço a Mais” realiza ato na próxima quarta-feira (7) em Vitória, dia em que ocorre a 13ª rodada de licitações de blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural no País. Dos 266 blocos que serão licitados, sete são no Espírito Santo.
Além da Petrobras, participarão da concorrência outras 37 empresas nacionais e estrangeiras. O protesto na Capital será às 10 horas, em frente à sede da estatal, na Reta da Penha.
As 32 entidades que integram a campanha reiteram que a exploração do petróleo é insustentável, com danos comprovados, inclusive decorrentes dos últimos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) nas 11ª e 12ª rodadas. Ao contrário do que o setor prega, a atividade não gera desenvolvimento, como provam as condições econômicas e sociais da Nigéria, Equador e Venezuela.
Todo o entorno dos campos explorados são impactados, assim como as comunidades. As entidades alertam que os constantes investimentos em estruturas de grande porte como poços, dutos, portos e estaleiros, que atendem a projetos de mineração, logística e energia, promovem um acirramento sem precedentes dos conflitos nos territórios pesqueiros e quilombolas.
“Quando há atividade de sísmica, não há peixe. Onde está o desenvolvimento? Desenvolvimento de quê, para quem?”, questiona Nego da Pesca, presidente da Federação das Associações de Pescadores Profissionais, Artesanais e Aquicultores do Espírito Santo.
Além da sísmica, a pesca artesanal também sofre com a contaminação da água, poluição, restrição de território de pesca e diminuição da oferta de pescado. Há, ainda, denúncias de perseguição dos órgãos ambientais.
No Estado, a Petrobras iniciou a exploração de petróleo em 1973. Até 2011, eram 380 poços abertos, número que cresce a cada ano – somente no ano passado, a empresa descobriu 14 novos pontos de potencial exploração. Esses estão localizados em sua maioria na área entre os municípios de Aracruz, Linhares, São Mateus e Conceição da Barra, onde se concentram os territórios quilombolas e pesqueiros do Estado.
Entre os empreendimentos do setor que afetam as populações ribeirinhas estão também o Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA), o Itaoca Offshore, o C-Port, da empresa americana Edison Chouest, além do superporto da Manabi, focado na exportação de minério. Todos eles provocarão impactos ambientais e o fim da pesca tradicional.
“A campanha Nem um Poço a Mais faz um apelo por uma mudança de atitude diante de usos absurdos do petróleo e suas consequências”, diz o documento que convoca para o ato. As entidades lembram que não esperam que a produção petrolífera seja estancada, mas “pretende alertar a sociedade sobre os riscos de seguirmos econômica e politicamente dependentes do petróleo”. O movimento foi lançado no Estado em junho deste ano.
As áreas que serão leiloadas no 13º leilão estão distribuídas por dez bacias sedimentares: Espírito Santo, Amazonas, Parnaíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Campos e Pelotas.