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Cansados de esperar por indenização, índios abrem vala na ES-010

Os índios cavaram na tarde desta quarta-feira (26) um buraco na pista da ES-010, no Espírito Santo, em protesto contra o descaso da Petrobras em discutir com a comunidade a indenização pelo uso de suas terras com um  gasoduto. O buraco tem 1,20 de largura, e é de lado a  lado da pista, próximo à aldeia Guarani de Três Palmeiras, no município de Aracruz. 
 
A ação foi realizada a partir das 14 horas, e os índios vão permanecer no local pelo menos até esta madrugada, segundo informaram. Mas podem parar tudo por até três dias, ou mais, até que a Petrobras atenda suas reivindicações.
 
Cerca de 500 índios, entre Guarani e Tupinikim, seus vizinhos, participam da manifestação.  O buraco impedindo o trânsito produziu um enorme engarrafamento, que chega às proximidades de Santa Cruz, balneário do outro lado do rio Piraquê-Açu. Alguns motoristas ficaram irritados e discutiram com os índios. A eles os índios explicaram que têm direito à indenização da Petrobras.
 
A Polícia Militar mobilizou cerca de dez viaturas para o local, com pessoal fortemente armado. Mas não houve intervenção até às 18 horas desta quarta (26). Os índios lembram que sendo território indígena federal, a força competente para discutir as questões indígenas é a Polícia Federal.
 
Longa espera
 
O  cacique Pedro Silva Karai, o Perú, da aldeia de  de Piraquê-Açu, informou que o débito da Petrobras com a comunidade a título de indenização pelo uso da terra com o gasoduto sobe a R$ 450 mil (R$ 45 mil por aldeia), corrigindo conta feita por outro cacique Guarani. E que existe projeto para uso de dinheiro em cada  aldeia, como em plantios de alimentos.
 
Ele revelou  que os índios estão cansados de esperar uma manifestação da Petrobras. Citou que há boatos sobre uma reunião que seria no dia 8 do mês que vem, mas que a empresa sequer confirmou. A revolta da comunidade levou a uma manifestação nesta terça-feira (25) e a ação desta quarta-feira.
 
A  Petrobras usa as terras indígenas há 20 anos como área de passagem para seu gasoduto, em uma extensão de 3,5 quilômetros, sem nunca ter prestado nenhum tipo de compensação aos índios.
 
Os índios tiveram que lutar por décadas para recuperar suas terras, tomadas pela Aracruz Celulose (Fibria) e explorada com eucaliptais, após destruição da mata atlântica.  A empresa também construiu suas três usinas onde existia uma aldeia Tupinikim. O projeto da empresa foi tocado com favores da ditadura militar e contou com políticos capixabas, inclusive governadores biônicos (não eleitos pelo povo).

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