A quarta fábrica da Aracruz Celulose (Fibria) no Espírito Santo pode estar na iminência de ser confirmada. E será uma gigante: produzirá cerca de 1,4 milhão de toneladas anuais. Hoje a empresa produz 2,33 milhões de toneladas/ano em suas três usinas no Estado.
A possibilidade de que a empresa anuncie a retomada do seu projeto é considerada pelos pequenos produtores capixabas. A empresa já estaria buscando as empresas da mídia corporativas no sentido de preparar a opinião pública para aceitar o projeto, que produz intensa degradação ambiental e social.
Na semana passada, diretores da transnacional estiveram com a direção da Rede Gazeta. Na interpretação de lideranças dos trabalhadores rurais, pode ser o começo do trabalho para o anúncio da decisão da empresa. A construção da quarta fábrica foi posta de lado com a crise que a Aracruz Celulose (Fibria) enfrentou mas que, segundo analistas, está sendo superada.
Um dos coordenadores do MPA no Espírito Santo, Raul Krause, lembrou nesta quinta-feira (19) que a celulose é uma das matérias-primas mais demandadas e lucrativas que existe.
“É uma commodities reconhecidamente rentável. Por esta razão, devemos estar atentos a toda movimentação da empresa para tocar seu projeto. Seja na produção do eucalipto ou no processo industrial, a atividade é altamente prejudicial ao Espírito Santo”, assinala Krause.
Lembrou que com a seca que vem assolando o Espírito Santo, com efeitos agravados pelos plantios de eucalipto, está se fortalecendo na sociedade o conhecimento dos problemas causados pelos plantios do eucalipto no Estado. Para neutralizar este conhecimento, a Aracruz Celulose (Fibria) não poupará esforços em atingir a grande massa que não tem conhecimento do tema, promovendo sua atração para o projeto.
O MPA estima que o eucalipto já ocupe cerca de 350 mil hectares no Espírito Santo. Uma nova fábrica do porte da que foi projetada para o Estado exigirá mais 100 mil hectares de novos plantios de eucalipto.
O eucalipto é uma espécie exótica e consome 36,5 mil litros de água por ano quando adulta. Foi introduzido no Estado na década de 60 do século passado, pela Aracruz Celulose. Para plantar seus eucaliptais, a empresa destruiu 50 mil hectares de mata atlântica e toda sua biodiversidade, somente no Espírito Santo.
A empresa justifica sua quarta fábrica no Espírito Santo em função da meta de suprir 25% da demanda mundial de celulose de mercado de fibra curta.
A construção da quarta fábrica da Aracruz Celulose (Fibria) irá gerar somente 400 vagas diretas. Porém, durante o período de construção do empreendimento, seriam utilizados de 30 mil a 35 mil trabalhadores, o que vai agravar o inchaço populacional da região de Aracruz, onde a empresa tem suas fábricas, no norte do Estado.