A produção capixaba conta com café, geleias, doces, licores, mudas ornamentais, medicinais e alimentícias, frutas, feijão, amendoim, pimenta-do-reino, mel, derivados da mandioca (tapioca pronta recheada, farinha, biscoito). Uma diversidade que impressiona os próprios assentados.
“É na feira que conseguimos perceber a variedade da produção, que no dia a dia dos assentamentos a gente não vê”, testemunha Adelso Rocha Lima, liderança estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que levou sua produção de mel, banana e pimenta para compartilhar.
Durantes os três dias do evento (5 a 7), um público especial poderá desfrutar não só dos alimentos expostos, mas também dos fitoterápicos, artesanatos, livros (cerca de 290 títulos, 200 deles da Editoria Expressão Popular), CDs e outras produções culturais. A expectativa é de comercializar 150 toneladas desses produtos.
E, ainda, para além da comercialização em si, as feiras são momentos privilegiados de diálogo com a sociedade. “Pra nós, enquanto MST, é uma relação direta entre os agricultores e a classe trabalhadoras. Prova que a Reforma Agrária é viável”, afirma Adelso.
Os assentamentos capixabas já se fizeram representar esse ano em quatro feiras do MST, sendo duas no Rio de Janeiro, uma em Belo Horizonte e outra em Vitória. Ainda em dezembro, uma feira promovida pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetaes) também terá participação dos assentados.
Agroecologia
Uma das metas do MST nacional é realizar feiras da Reforma Agrária, como esta, em todos os estados onde há movimento organizado. Alagoas, Maranhão, Sergipe e Distrito Federal também já receberam o evento.
Nas feiras da reforma agrária, a agroecologia é um dos princípios norteadores. A feira fluminense – que foi reconhecida em 2015 como patrimônio de interesse cultural da cidade – tem o nome de Cícero Guedes desde 2013, em homenagem ao agricultor e militante do MST assassinado por pistoleiros no dia 25 de janeiro do mesmo ano, nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ).
“Além de uma grande liderança na luta pela Reforma Agrária, Cícero Guedes era considerado uma referência em conhecimento agroecológico, por conta das técnicas agrícolas sustentáveis que utilizava em seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares, tendo sido também um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense”, informa o MST.
Nesta oitava edição, a mística de abertura do evento homenageou Fidel Castro, “grande lutador e revolucionário”, falecido no último dia 25 de novembro.