Com Alaimar Fiuza, Iema não reduziu poluição da Vale e ArcelorMittal nem adequou os padrões de qualidade do ar à OMS
O “homem da Vale” vai continuar na presidência da autarquia ambiental responsável por fiscalizar e licenciar grandes poluidoras como a Vale e a ArcelorMittal, principais responsáveis pela poluição do ar na Grande Vitória e pelos gases de efeito estufa emitidos no Espírito Santo.
Sob sua gestão, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) nada fez para liderar a redução dos danos ambientais provocados pelas duas gigantes instaladas na Ponta de Tubarão, tampouco para que o Estado se adeque aos padrões de qualidade do ar recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ex-executivo da Vale, onde fez carreira durante 30 anos, Alaimar Fiuza foi confirmado nesta quinta-feira (2) por Renato Casagrande (PSB) como o nome que continuará no comando do Iema. Em suas redes sociais, o governador também anunciou a permanência de Fabio Ahnert na presidência da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh). “Seguiremos fortalecendo e modernizando os dois órgãos que são tão importantes para nossas políticas ambientais”, declarou.
Diferentemente de Ahnert, sobre o qual não pairam questionamentos técnicos ou políticos advindos de histórico profissional conflitante com a defesa dos “interesses coletivos e difusos” que caracterizam a gestão pública ambiental, Fiuza acumula críticas de ambientalistas da sociedade civil, como a Juntos SOS ES Ambiental, que inclusive já pediu abertura de processo contra o gestor por críticas à sua conduta no âmbito do Conselho Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Consema).
A Associação dos Servidores do Iema (Assiema) também divulgou recentemente uma carta aberta em que pedem a Casagrande que estabeleça normativas legais que impeçam a nomeação de executivos da iniciativa privada para cargos de confiança do governo, bem como o fluxo contrário. Essa prática, ressalta a entidade, ” é amplamente questionável e vista como imprópria, uma vez que pode permitir às empresas reguladas acesso privilegiado a decisões ou informações referentes à sua situação junto ao ente licenciador”.
A carta também repudia a nomeação de Felipe Rigoni para o cargo máximo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), à qual o Iema está vinculado. “Pensar num secretário dessa pasta que apoia o uso de agrotóxicos é incompatível com a importância da mesma. Desconsiderar que um diretor-presidente do Iema possui informações privilegiadas é querer beneficiar o setor empresarial que o utiliza. O Estado do Espírito Santo não pode continuar beneficiando aqueles que têm dinheiro. A população exige respeito”, pontuou a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhdores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos-ES), Silvia Sardenberg.