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Cinco meses depois, lama da barragem da Samarco/Vale-BHP ainda vaza para o rio Doce

Cinco meses após o crime do rompimento da barragem em Mariana (MG), a Samarco/Vale-BHP ainda permite que a lama de rejeitos vaze para o rio Doce, agravando o cenário de intensa degradação. Tamanha omissão motivou uma nova ação civil pública do Ministério Público de Minas Gerais, com objetivo de forçar a adoção de medidas urgentes. Se acatada pela Justiça, a empresa terá cinco dias para tomar providências definitivas.
Os vazamentos são provenientes não só da barragem rompida, de Fundão, como a de Santarém, que recebeu os rejeitos da primeira, após o registro da maior tragédia socioambiental do País, no dia cinco de novembro de 2015. A empresa construiu três diques na área, segundo o MP-MG, de forma precária e sem a observância das normas técnicas pertinentes, portanto, incapazes de reter os rejeitos, como apontou matéria da Agência Brasil
Desta maneira, somente entre janeiro e fevereiro deste ano, cinco milhões de metros cúbicos de rejeitos atingiram a bacia do rio Doce após escoar da barragem de Santarém por meio de um extravasor danificado. O MP de Minas alerta que o mesmo poderá ocorrer com aproximadamente 9,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos que ainda estão no local, caso não sejam tomadas as medidas necessárias. No dia do rompimento, atingiram a bacia 62 milhões de metros cúbicos de lama.
Uma das propostas é que a Samarco construa um novo dique de decantação para sedimentar a lama num ponto entre a Barragem de Santarém e Bento Rodrigues, o distrito mais arrasado pela tragédia. Além dos impactos, isso garantiria a preservação da memória das vítimas do acidente e do patrimônio histórico que foi devastado.
A ação foi impetrada nessa segunda-feira (4) e pede, também, como informa a Agência Brasil, que o governo de Minas Gerais seja obrigado a suspender todas as licenças ambientais que a Samarco tem para operar na região de Mariana (MG). 
A determinação valeria até que houvesse garantia da estabilização dos impactos ambientais e do fim dos vazamentos, o que barra as investidas da empresa para retomada de suas operações ainda este ano tanto em Mariana como em Anchieta, no sul do Espírito Santo. 
O problema nas barragens havia sido alertado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que acusou a empresa de operar com excesso de sedimentos, tornando contínua a poluição da bacia do rio Doce. 
Nessa terça-feira (5), o Comitê em Defesa dos Territórios Frente à Mineração publicou nota para marcar os cinco meses do crime. “Mataram o rio Doce, assassinaram uma bacia hidrográfica inteira, a lama tóxica continua viva, matando espécies endêmicas marítimas, agora lá pra região do Parque Nacional de Abrolhos, na Bahia, e os rejeitos de minério e uma tabela periódica inteira continuam nos sedimentos dos rios e no mar”. A entidade voltou a denunciar as 19 mortes, mais de três milhões de atingidos, onze mil pescadores e pequenos agricultores sem trabalho e, até hoje, ninguém preso ou indenizado.

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