A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um estudo estimando qual será o impacto do formato do novo Código Florestal nas florestas brasileiras. Segundo os pesquisadores, a área de florestas que têm que ser recompostas em todo o território brasileiro cairá 58%. Outra previsão do estudo é que a área de passivo ambiental – ou seja, em que há a obrigação de recompor a vegetação nativa – cairá de cerca de 50 milhões de hectares (Mha) para 21 Mha.
Os Estados mais prejudicados com a nova regra serão Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. O caso mais emblemático é o do Cerrado, que, com a expansão da soja, poderá ter até 40 milhões de hectares desmatados, já que possui a maior extensão de propriedades com ativo florestal. Outro bioma ameaçado é a Caatinga, com cerca de 26 Mha de ativo florestal. E tudo isso vai acontecer legalmente.
A pressão por um desenvolvimento grande da agricultura do País é, para os pesquisadores, a principal causa dos índices. Para eles, uma das saídas seria o melhoramento da produção agrícola, para aumentar a produtividade e não ter a necessidade de abrir novas áreas. “O País tem que dirigir suas políticas agrárias neste sentido”, diz Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG.
O novo Código Florestal, aprovado em maio de 2012 no Congresso Nacional, é considerado por ambientalistas como o atentado ao meio ambiente brasileiro por excelência. Mesmo após os 12 vetos da presidente Dilma Rousseff, ainda estão presentes no texto trechos como o que anistia quem desmatou áreas de proteção até 2008.
No Congresso, o projeto só foi aprovado por grande pressão da bancada ruralista afoita por garantir os interesses privados dos grandes latifundiários brasileiros.
O modelo do agronegócio é o principal responsável pela concentração de terras no Brasil. Enquanto os grandes empresários – que são poucos – detêm a maioria das terras do País, as comunidades tradicionais e os pequenos produtores rurais são obrigados a viver sem terras e literalmente “ilhados” em meio a monoculturas.
Isso gera diversos males, em especial para os camponeses, como, por exemplo, a insegurança alimentar (decorrente da falta de terras), violência no campo (pelos conflitos por terra e os assédios dos grandes empresários), a monocultura e a utilização de agrotóxicos.