De acordo com o cacique Toninho, da aldeia Tupinikim Tekoá Porã (Boa Esperança), a intenção do protesto era chamar a atenção da Vale para os impactos com a chegada da lama e cobrar soluções das empresas responsáveis pelo crime ambiental. Ele ressalta que, como foi marcada uma reunião para a próxima quinta-feira (21) para debater a compensação dos impactos, a comunidade indígena resolveu sair dos trilhos.
Na próxima quinta-feira pela manhã (21) será realizada uma audiência entre a comunidade indígena e representantes do MPF. Na parte da tarde, a reunião vai ser entre a comunidade indígena, o MPF e representantes da Samarco e da Vale para discutir as compensações.
A lama de rejeitos chegou à aldeia de Comboios no dia 9 de janeiro deste ano. A população do local vive primordialmente da pesca e da coleta de marisco e, com a chegada da lama, a subsistência das comunidades indígenas ficou comprometida. Além disso, os índios não conseguem retirar o sustento nem do mar, nem do rio Pequeno, já que parte da água do canal Caboclo Bernardo, que abastece a fábrica da Aracruz Celulose (atual Fibria), desce do rio Pequeno que passa pelas aldeias e também está contaminada.
Os índios Tupinikim e Guarani são frequentemente prejudicados por empreendimentos poluidores que impactam as terras indígenas. Em dezembro de 2015, os índios ocuparam o local onde está a torre das linhas de transmissão de energia que cortam as aldeias. A mobilização anterior dos índios foi em agosto de 2015, cobrando indenização da Petrobras, que vinha se recusando a negociar indenização pelo uso das terras indígenas há três anos, mesmo com projeto com este objetivo elaborado pela empresa, por exigência dos índios.
Além da Aracruz Celulose, que se apropriou e explora as terras indígenas durante décadas, impactam as comunidades a Vale, a Petrobras, a EDP e empresas portuárias – Portocel, também da Aracruz, o Estaleiro Jurong, e o planejado porto Imetame.