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Comunidade protesta contra prisão de quilombolas em Conceição da Barra

Revoltados com a prisão como ladrões de galhos de eucalipto de quatro dos verdadeiros donos das terras usurpadas pela Aracruz Celulose (Fibria)  – prisão requerida pela própria grileira  -,  os quilombolas vão protestar nesta quarta-feira (19). Pela manhã, em hora que não informaram, estarão em frente à empresa, em Conceição da Barra, no norte do Estado.
 
A  Aracruz Celulose (Fibria) tem instalações nas proximidades do trevo da BR-101 que dá acesso à sede de Conceição da Barra. Nas proximidades, a empresa carrega os eucaliptos produzidos nas terras que tomou dos quilombolas com o uso da força, ou comprando a preços de banana com falsas promessas de emprego e renda. 
 
O quilombola Berto  Florentino, um dos que lutam pela recuperação das terras tomadas pela empresa, confirmou o protesto.  Estão na cadeia  a pedido da empresa, Altione Brandino, Antonio Marcos Cardoso, Domingos Cardoso e Hamilton Cardoso.  Como se fosse pouco a prisão arbitrária, os quilombolas foram transferidos para Viana, na Grande Vitória. Outros 24 estariam na mira da polícia para serem presos. 
 
Para prender os quilombolas, o Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e a Corrupção (Nuroc) Espírito Santo mobilizou cerca de 30 policiais. Foi empregado armamento de guerra. Não é a primeira ação arbitrária deste tipo produzida pela Aracruz Celulose (Fibria) contra os quilombolas. Trata-se de um ato de subversão. As atividades da Aracruz Celulose (Fibria) começaram no campo, em novembro de 1967, quando foram plantados os primeiros eucaliptais da empresa. 
 
Os plantios foram precedidos da tomada da terra: o comando foi do tenente Merçon, do Exército. Mas houve ação de cooptação, comandada por Benedito Braulino, o Pelé, quilombola que tinha um comércio na região. Os preços pagos aos donos das terras foram vis. Diferentemente, para tomar as terras dos índios, a Aracruz Celulose (Fibria) contratou pistoleiros, como o temido matador major PM Orlando Cavalcanti, da PM.
 
O projeto era do empresário norueguês Erling Sven Lorentzen, ligado à coroa do País. O projeto foi tocado com sua aliança às mais altas figuras da ditadura militar, como o general-presidente da República, Ernesto Geisel. E com a ajuda dos representantes dos militares no Espírito Santo, os governadores biônicos (não eleitos pelo povo e nomeados pelo governo federal) Arthur Carlos GerhardtSantos e Cristiano Dias Lopes. Foi  Gerhardt que começou a preparar o terreno para o domínio da Aracruz Celulose, fundada em abril de 1972.
 
Até hoje o destruidor da cultura e das terras quilombolas, dos índios e dos  pequenos agricultores, sem contar a destruição de pelo menos 50 mil hectares de mata atlântica e toda a sua biodiversidade, é laureado no Brasil pelas elites. E a empresa, que o noruguês vendeu por preço elevado, continua recebendo dinheiro do governo federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 
 
O uso intensivo das terras com plantios de eucalipto  pela Aracruz exauriu as terras que usurpou. E  contaminou as águas e as terras dos poucos quilombolas que continuam resistindo às pressões da empresa.  Agora, esta empresa conta com a parceria da Suzano para pressionar os donos das terras. 
 
E produz ações judiciais para criminalizar os quilombolas. A prisão dos quatro quilombolas foi decretada pelo juiz Salim Pimentel Elias, de Conceição da Barra. A defesa dos presos está a cargo do advogado Péricles de Oliveira Moreno. A ação tramita em segredo de Justiça. 

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