Quatro mil camponeses de 19 estados do País se reúnem desde essa segunda-feira (12) em São Bernardo do Campo, São Paulo, no I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Com o tema “Plano Camponês, Aliança Camponesa e Operária por Soberania Alimentar”, o evento debate a aliança entre os trabalhadores do campo e da cidade e a importância da agricultura orgânica.
Participam camponeses de todos os estados onde o MPA tem base, como o Espírito Santo. Nessas regiões, foram realizados encontros preparatórios para o congresso nacional, que prossegue até esta sexta-feira (16).
O MPA defende que as pautas da população tanto do campo quanto da cidade sejam unificadas, já que são de interesse comum. Entre elas está a produção de alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos e com preços justos. A entidade critica o atual modelo de atenção à agricultura adotado no País e as políticas públicas voltadas para acumulação de renda.
“Compreendemos que a história reserva uma das maiores batalhas aos camponeses e operários, a de construir com nossas próprias mãos a libertação da classe camponesa e operária da opressão do agronegócio, dos transgênicos, dos agrotóxicos, da violência contra as mulheres, da criminalização e de tantas outras violências que enfrentamos no nosso dia a dia”, diz o MPA.
O Movimento dos Pequenos Agricultores lembra dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontam a agricultura familiar como responsável por 70% da produção de alimentos consumidos pelos brasileiros, além de envolver 32 milhões de camponeses e deter o maior número de propriedades rurais.
Contraditoriamente, o setor recebe poucos investimentos do governo federal. O Novo Plano Safra da Agricultura Familiar 2015-2016 prevê o valor de apenas R$ 28,9 bilhões, enquanto à disposição do agronegócio são disponibilizados valores astronômicos – a cifra hoje atinge R$ 188 bilhões.
O agronegócio também é assentado no emprego de transgênicos e no intenso uso de venenos agrícolas, considerando que as sementes são modificadas para que possam receber mais agrotóxicos. Empresas como a Monsanto (Estados Unidos), Syngenta (Suíça), Dupont (EUA), Basf (Alemanha), Bayer (Alemanha) e Dow (EUA) atuam nos setores de produção de transgênicos e de agrotóxicos ao mesmo tempo.
Programação
Durante o evento em São Paulo, também é realizada a I Feira Nacional da Agricultura Camponesa, aberta ao público e com alimentos e bebidas produzidos pelo campesinato, e o I Congresso Mirim do MPA, que ensinam às crianças do campo sobre o movimento em que estão inseridas.
O congresso foi aberto oficialmente nesta terça-feira (13). Após a solenidade, foram realizados debates sobre a “Conjuntura, Luta de Classe e Aliança Operária e Camponesa” e o “Campesinato e Plano Camponês”. Na noite dessa terça, acontece a comemoração dos 10 anos de derrota da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), com uma Jornada Socialista.
Na quarta-feira (14) serão realizadas outras duas mesas de debate: “Mulheres, Luta e Poder Popular” e “Juventude Camponesa: Desafios e Perspectivas”. À tarde haverá um Ato Político da Aliança Camponesa e Operária, com a distribuição de mil cestas básicas com produtos do campesinato. Para a noite está programado um momento cultural camponês.
No dia 15, quinta-feira, os debates serão sobre “Agroecologia, Soberania Alimentar, Terra e Território” e “Organicidade do MPA e a Campanha das Sementes Crioulas”. Depois, Noite Cultural Camponesa.
Já na sexta-feira (16), último dia do congresso, os camponeses participarão de mesa de debate sobre “Resoluções e Plano de Luta para os próximos períodos”, seguindo com uma mística de encerramento do congresso. À tarde, haverá realização de um ato público em defesa da Soberania Alimentar, na Avenida Paulista.
Nessa segunda-feira (12), os camponeses realizaram as Plenárias de Mulheres e Juventude.